MP investiga se líder do MBL usou empresa de fachada

Segundo as apurações, o MP identificou transações financeiras de R$ 1,3 milhão entre a Angry Cock e outras empresas

Atualizado em 13 de março de 2022 às 10:25
Mamãe Falei e Renan Santos, líderes do MBL
Mamãe Falei e Renan Santos. Foto: Reprodução/YouTube

A moradora Rosalina Maia, de 53 anos, de um sobrado na Vila Liviero, na periferia da zona sul de São Paulo, não tem nenhum imóvel em seu nome. Essa informação é segundo os cartórios da cidade, de acordo com reportagem de O Estado de S.Paulo, o Estadão. Mesmo assim, ela aparece como sócia de uma empresa usada pela família do coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL), Renan dos Santos.

Essa empresa de Renan é usada para fazer movimentações milionárias. O Ministério Público obteve autorização da Justiça para aprofundar investigações e aguarda o resultado de uma quebra de sigilo ampliada sobre essas transações consideradas suspeitas.

Apesar de estar no papel em nome de Rosalina, e de ser sediada em um bairro humilde na cidade de Simões Filho, na Bahia, a Angry Cock foi usada por Renan e sua irmã, Stephanie, para movimentar R$ 1,8 milhão. Esses dados são da Operação Juno Moneta, de 2020, deflagrada para investigar a família do líder do MBL por suspeita de lavagem de dinheiro.

Segundo as apurações, o MP identificou transações financeiras de R$ 1,3 milhão entre a Angry Cock e outras empresas, e pediu uma quebra de sigilo mais detalhada. A Justiça autorizou, mas as informações ainda não foram enviadas pelos bancos.

O jornal também obteve acesso a três denúncias oferecidas até o fim do ano passado, por fraudes em licitações milionárias — decorrentes da mesma investigação —, contra o empresário Alessander Monaco, ligado ao MBL. Renan foi acusado de tráfico de influência em benefício deste empresário, mas a acusação contra ele foi rejeitada pela Justiça.

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Líder do MBL defendeu Mamãe Falei

Renan, que esteve com Arthur do Val na fronteira do país europeu, defendeu o colega em uma live do movimento com gritos e palavrões. Arthur falou em áudios que achou refugiadas ucranianas “fáceis porque são pobres” e sugeriu turismo sexual do amigo. Os problemas do grupo vão além de falas identificadas como de aceno ao extremismo de direita ou sexistas.

Segundo dados da Receita Federal e relatórios de busca e apreensão, Renan e familiares são donos de empresas quebradas e inativas que somam R$ 396 milhões em dívidas.

Em um dos relatórios, o Fisco diz que o “segredo do sucesso” da família é “simples”: “Eles não declaram nem pagam os tributos devidos, e, com isso, enriquecem com a apropriação indevida dos tributos pagos pelos consumidores finais”. Mesmo inativas e abarrotadas de dívidas, as empresas movimentam valores vultosos e fazem depósitos nas contas da família Santos. Renan nega irregularidades ao Estadão.

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