“Nova etapa”: Lula vai a Lisboa encontrar primeiro-ministro, o que Bolsonaro nunca fez

Atualizado em 10 de novembro de 2022 às 9:42
Lula
Jornal português destaca contraste entre política externa de ambos presidentes

Lula ainda nem tomou posse mas sua agenda luso-brasileira já é mais proativa do que a de Jair Bolsonaro. O presidente eleito vai se reunir nos próximos dias 17 e 18 com o primeiro-ministro de Portugal, António Costa. Ao longo de 4 anos, o atual presidente nunca o fez, como também observa a imprensa do país. “Lula visita Portugal no dia 18. Bolsonaro nunca o fez como chefe de Estado”, mancheta o jornal Expresso.

A imprensa portuguesa vê no encontro, previsto para ocorrer logo depois de sua passagem de Lula pela Conferência do Clima no Egito (COP27), sinal de uma nova etapa nas relações bilaterais.

“A visita, que inclui encontros com Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, marca uma nova etapa das relações luso-brasileiras, que tinham sido objeto de um distanciamento institucional durante a presidência de Jair Bolsonaro,” observa o  Expresso.

“O ainda chefe de Estado do Brasil não fez nenhuma visita oficial a Portugal e cancelou um encontro com Marcelo Rebelo de Sousa em julho deste ano”, lembra.

Na ocasião, Bolsonaro recorreu à desfeita porque Rebelo de Sousa não aceitou as suas pressões de cancelar uma reunião prevista naquele momento com Lula.

O gesto bolsonarista parece ter marcado profundamente as relações entre ambos países ao ponto de Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda e do Meio Ambiente de Itamar Franco, enviar nesta semana um pedido de desculpas ao embaixador português no Brasil, como aponta o jornal Expresso.

“O pedido de desculpas que o ex-ministro Rubens Ricupero endereçou esta terça-feira, no Rio de Janeiro, ao embaixador de Portugal no Brasil, é um importante gesto público no retomar das relações institucionais entre os dois países de língua portuguesa.”

O jornal da terrinha observa também que Ricupero usou sua intervenção no colóquio “Bicentenário da Independência: laços culturais entre Brasil e Portugal” para reforçar um pedido de desculpas públicas tanto ao Estado quanto ao povo português pelo “tratamento inqualificável” que Bolsonaro teve com Portugal.

O jornal português destaca que “no seu primeiro discurso pós-eleições, Lula da Silva disse que quer que o Brasil deixe de ser visto como um ‘pária’ no cenário internacional.”

O gesto de Lula é também uma forma de retribuição ao apoio pessoal de António Costa à sua candidatura. As vésperas do segundo turno, o socialista havia gravado um vídeo com uma mensagem de apoio ao petista.

“O mundo precisa de um Brasil forte, um Brasil que participe das grandes causas da humanidade, mas que combata a desigualdade, na luta pela saúde, para enfrentar as alterações climáticas. O Brasil e o mundo precisam de Lula da Silva. Lula conte comigo”, havia dito.

Na última COP, Bolsonaro tampouco esteve presente, expressão do negacionismo climático de sua política externa. Seu único interesse em 4 anos foi ir até líderes do conservadorismo mundial. Nessa ideologia, não caberia nenhuma visita ao primeiro-ministro socialista de Portugal ou qualquer outro líder afim.

Os dois passos de Lula a menos de duas semanas de sua eleição marcam o início da reinserção do Brasil no cenário internacional, em contraste com o isolamento que o país conheceu sob Jair Bolsonaro. E o protagonismo que Brasília pode assumir no tema central do século XXI, o combate às mudanças climáticas.