O alto risco à natureza e à saúde que as lâmpadas fluorescentes causam

Nossa primeira matéria da série de energia sustentável abordou o consumo dos três tipos de lâmpadas mais viáveis para uso doméstico, a incandescente, a fluorescente e a de led. Hoje, vamos falar sobre a reciclagem e o descarte dessas lâmpadas.

A mais antiga e popular, a lâmpada incandescente comum, é praticamente igual à inventada por Thomas Edison nos EUA em 1879. É um filamento de tungstênio dentro de um bulbo de vidro com vácuo. Ela é baratinha, mas 95% da potência é desperdiçada em calor. Quer dizer, uma porção muito grande do que ela gasta de energia é desperdiçado.

Além do tungstênio e do vidro, a lâmpada contém cobre, estanho, manganês, níquel, laca, malaquita e pó de mármore.

Todos esses materiais podem ser reutilizados. O problema é que separá-los não é das coisas mais simples, e o DCM não encontrou fábricas no Brasil com a tecnologia para a reciclagem total dessa lâmpada. Mesmo assim, há a possibilidade de que sejam totalmente reutilizadas, desde que dividindo o material e enviando para fábricas especializadas.

A lâmpada incandescente pode ir para o saco dos materiais recicláveis comuns.

As lâmpadas de led estão chegando ao mercado só agora, mas foram criadas em 1961 por Robert Biard e Gary Pittman nos EUA. A principal vantagem, além da economia no consumo, é sua versatilidade. Ela pode substituir qualquer tipo de lâmpada e sua luz é bastante intensa. É como se fosse uma iluminação muito concentrada, com pouca emissão de calor (daí também sua durabilidade).

As lâmpadas LED possuem alumínio, estanho, cobre e níquel. Tem plástico, componentes eletrônicos, fenóis e vidro. Nenhum destes componentes é nocivo, mas tem um pedacinho dessa lâmpada (os componentes eletrônicos) cuja reciclagem só é possível com a separação dos materiais, e o DCM não encontrou nenhuma empresa no Brasil que preste esse serviço.

Isso significa que parte da lâmpada de led, por hora, não é reciclável no Brasil. É uma parte pequena, mas não pode deixar de ser apontada.

A lâmpada fluorescente compacta, que virou hit no Brasil durante a crise energética de 2001, foi criada por Nikola Tesla, na Áustria, no ano de 1895. Foi introduzida ao mercado consumidor em 1938. Em termos de eficiência energética, ela fica no meio das duas.

Mas ela tem outros problemas. A “receita” da carenagem é parecida com a da lâmpada de led, mas internamente, contém os gases argônio e neônio, que podem causar problemas respiratórios se inalados.

E há mais um ingrediente perigoso para o meio ambiente: o fósforo.

Para a reprodução da cor, a lâmpada pode conter materiais como o trifósforo, retirado de terras raras, ou o halofosfato.

É aí que a porca torce o rabo: esses fósforos são extremamente tóxicos e nocivos. Se entrarem em contato com a água, ela fica imprópria para o consumo e altamente cancerígena.

Isso significa que, se descartados em lixões e aterros comuns, podem poluir de maneira irreversível mananciais e lençóis freáticos.

Esse tipo de lâmpada, mais que qualquer um, precisa ser descartado da forma adequada. Empresas especializadas são capazes de descontaminar os componentes para que eles possam ser reciclados ou mesmo descartados sem piores consequências ao planeta.

Atualmente, há concessionárias de energia que recolhem estes tipos de resíduos e encaminham para a destinação adequada. Algumas lojas podem fazer essa ponte (a Leroy Merlin é o centro de captação mais prático).

Isso tudo significa que quando você compra uma lâmpada, compra uma responsabilidade junto. Por isso é bom escolher bem.

Sergio Aiex

Sergio Aiex é engenheiro elétrico pós-graduado em sistemas de potência pela FEI. Com passagens por empresas como Areva (distribuidora de energia de alta tensão), Volkswagen e Sabesp, atua hoje no desenvolvimento, construção e manutenção de infraestruturas sustentáveis de sistemas de distribuição de água, escoamento e energia elétrica.

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