O jornalista que pediu a execução de Assange

Atualizado em 18 de agosto de 2013 às 12:27

Um repórter da Time escreveu no Twitter que não vê a hora de noticiar que um drone pegou o criador do Wikileaks.

Um jornalista da maior revista do mundo pediu a morte de Assange
Um jornalista da maior revista do mundo pediu a morte de Assange

“Não vejo a hora de noticiar que um drone pegou Assange”, tuitou neste final de semana um jornalista da Time, Michael Grunwald.

Ele estava pedindo, em outras palavras, a execução de Julian Assange, fundador e editor do Wikileaks. Execução sem julgamento, como são todas aquelas feitas pelos drones, os aviões sem tripulação que jogam bombas manobrados à distância.

Houve, evidentemente, uma corrente de repúdio a Grunwald. A própria Time se apressou em dizer que ela não tinha nada a ver com aquilo.

Ele acabou retirando o tuíte, mas disse mais uma bobagem ao consertar a estupidez. Afirmou que não queria dar munição aos seguidores de Assange.

Há mais de um ano Assange está confinado à modesta embaixada do Equador em Londres, do lado da Harrods. Num gesto admirável, o presidente do Equador, Rafael Correa, concedeu asilo a Assange. Mas se ele tirar os pés da embaixada, na qual se refugiou quando estava prestes a ser preso em Londres sob pressão diplomática dos americanos, será detido e deportado para a Suécia.

Na Suécia, cuja legislação sexual é extraordinariamente rigorosa para com os homens, Assange é acusado de forçar sexo com duas mulheres que dormiram consensualmente com ele. Entre os homens suecos corre a piada de que antes de ir para a cama com uma mulher é recomendável pedir que ela assine uma declaração de que está agindo por livre e espontânea vontade.

Assange afirma, e não razões para duvidar disso, que iria à Suécia responder pelos seus atos. Não vai porque são grandes as chances de ele terminar rapidamente nos Estados Unidos, onde teria um destino jurídico parecido com o de Bradley Manning.

Um jornalista pedindo publicamente o assassinato de um jornalista: isto é raro e, de certa forma, histórico.

Quem melhor definiu o caso foi o jornalista americano Glenn Greenwald, aclamado colunista do jornal britânico Guardian.

“Aquele tuíte faz não só entender como comemorar a decadência da mídia tradicional”, escreveu ele.

Clap, clap, clap.

De pé.