
O assassinato do candidato à presidência do Equador Fernando Villavicencio não é um caso isolado. Nos últimos anos, a violência tem dominado o país por meio de facções criminosas, que têm promovido uma série de crimes: pendurar corpos em pontes, ameaças a políticos que não cumprirem suas ordens e até matar um prefeito baleado enquanto ele inspecionava obras públicas. A informação é da BBC.
O país fica entre Colômbia e Peru, os dois maiores produtores de cocaína do mundo e os centros do comércio ilegal da droga. Nos últimos anos, as polícias têm tentado interromper o fluxo do entorpecente, mas as gangues que fazem o tráfico têm se espalhado por outras nações.
A desmobilização do grupo rebelde Farc na Colômbia acabou dando força e fazendo surgir outros grupos criminosos nas fronteiras da América do Sul, como cartéis de drogas mexicanos e facções dos Bálcãs. Essas organizações buscam novas formas de transportar a cocaína da Colômbia para a Europa e os Estados Unidos.
Após um acordo de paz assinado entre os rebeldes e o governo colombiano em 2016, esses grupos viram o Equador como um país atraente para o transporte das drogas. A fronteira com a Colômbia e os grandes portos na costa do Pacífico tornam o país geograficamente conveniente para essas facções.

Muitos desses grupos formaram alianças dentro das prisões do país, o que gerou uma onda de violência e brutalidade pelas cidades do Equador. Gangues ligadas a cartéis rivais no México se confrontaram nas prisões, com uma cultura de se mutilar com armas caseiras e exibir cabeças decapitadas de seus inimigos.
A estratégia escolhida para conter a violência nos centros de detenção superlotados foi a de transferir prisioneiros para prisões diferentes, mas a ideia gerou o efeito contrário: espalhou o problema por todo país. Muitos dos líderes das gangues que surgiram no Equador estão detidos, mas a violência se espalha fora dos locais.
Os comandantes das organizações criminosas usam celulares contrabandeados para comandar o crime do lado de fora das prisões e ordenar a morte de adversários. Villavicencio foi ameaçado uma semana antes do atentado por membros de Los Choneros, uma gangue que tem ligações com o cartel de Sinaloa, que tem como líder Joaquín “El Chapo” Guzmán, preso nos Estados Unidos.
A facção criminosa que reivindica o assassinato do candidato à presidência, a Los Lobos, tem ligações com uma poderosa organização criminosa mexicana, o Cartel de Nova Geração de Jalisco.