‘Obama é um mestiço subumano’: se você acha Lobão um roqueiro de extrema-direita, conheça Ted Nugent

Atualizado em 10 de novembro de 2014 às 15:38
Ted Nugent
Ted Nugent

 

Se você achava que Lobão e Roger são os maiores roqueiros de extrema-direita do planeta, precisa conhecer Ted Nugent. No mês passado, Nugent chamou Obama de “mestiço subumano” quando fazia campanha para o candidato republicano ao governo do Texas, Greg Abbot.

Logo depois, em outra entrevista, sugeriu que imigrantes fossem tratados como os servos americanos do século XVII, que trabalhavam por um determinado período em troca de comida e voltavam para suas terras.

Nugent foi convidado por Abott a aparecer em seus comícios. Ele traria público. Mas tem se revelado um tiro no pé. O guitarrista de 65 anos é uma máquina racista paranóica pródiga em causar constrangimentos. Para ele, Obama é “educado como comunista, criado como comunista e alimentado como comunista”, um “gângster que pavimentou com óleo seu caminho até a presidência”.

Nugent fez um mea culpa depois da reação a seu ataque. Não pediu desculpas ao presidente, diretamente, mas por usar o termo “mestiço” (“mongrel”, em inglês, é aplicado a cachorros). “Eu vou tentar elevar meu vernáculo ao nível dos grandes homens com os quais estou aprendendo no mundo da política”, disse.

Ted Nugent é um porta-voz ativo da Associação Nacional do Rifle, um dos lobbies mais poderosos dos EUA. Milita fervorosamente a favor da segunda emenda da constituição americana, aquela que prevê o direito dos cidadãos de ter armas. Essas bandeiras lhe renderam o apelido de “lutador da liberdade” para seus admiradores.

Mas ele é, basicamente, um agitador descerebrado e inconsequente. Nunca foi do primeiro time do rock. Nos anos 70, emplacou alguns hits como “Strangledhold”, “Wango Tango” e “Cat Scratch Fever” e sobreviveu deles por toda a carreira.

É um caso clássico de madalena arrependida, confusão mental e hipocrisia. Foi viciado em todas as drogas, especialmente cocaína e álcool. Teve oito filhos de dois casamentos. Descobriu-se que, nos anos 60, deu um casal de filhos para adoção. Hoje é antimaconha, a favor da família etc etc.

Embora seja um belicisita orgulhoso (acha que o governo deveria ter feito em Bagdá o que fez em Nagasaki), escapou do Vietnã se passando por doente mental. Para tanto, na época dos exames para o alistamento, contou que se encheu de metanfetamina e parou de ir ao banheiro, defecando e urinando nas próprias calças durante dias. Deu certo e foi dispensado.

O repertório político de Nugent é familiar a nosotros: ele batalha loucamente contra o gayzismo, o socialismo, os pobres, os negros etc. Não faz uma música decente há 45 anos, mas quem se importa com isso? Seu papel é alimentar o medo e o ódio e há muita gente disposta a ouvir e pagar por isso.

Da próxima vez em que você se surpreender o macartismo doideira dos nossos roqueiros dos anos 80, tenha em mente que eles não estão sozinhos. Ted Nugent, o padrinho de todos eles, os abençoa lá da América.