Operação Verão: família de jovem cego acusa PM de sua morte na Baixada Santista

Atualizado em 27 de fevereiro de 2024 às 19:38
Viaturas da Rota na Baixada Santista. Reprodução

Familiares afirmam que a Polícia Militar executou um jovem cego durante uma operação na Baixada Santista. O incidente ocorreu no dia 7 de fevereiro, quando o jovem de 24 anos recebeu a visita de um amigo em sua casa, na avenida Oswaldo Toschi, em São Vicente.

De acordo com a família, policiais da Rota invadiram a residência, sem câmeras nos uniformes, empunhando fuzis. Ao entrarem no cômodo onde o jovem conversava com o amigo, dispararam contra ambos. Ambos foram socorridos, mas não resistiram aos ferimentos. O amigo morreu no mesmo dia, e o jovem cego faleceu dois dias depois.

A denúncia foi registrada em um relatório produzido pela Ouvidoria da Polícia de São Paulo sobre violações de direitos humanos durante a Operação Verão, uma continuação da Operação Escudo. O documento foi entregue ao procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Luiz Sarrubbo, nesta segunda-feira (26).

Segundo a versão oficial registrada pelos policiais na ocorrência, a invasão da residência ocorreu devido a uma denúncia de tráfico de drogas e houve reação por parte dos ocupantes.

A família contesta a narrativa da polícia e apresentou laudos que comprovam que o jovem sofria de ceratocone bilateral avançado, uma doença ocular desde 2016, o que torna improvável a versão policial de que ele teria ameaçado os policiais com uma arma de fogo.

A Ouvidoria da Polícia esteve na Baixada Santista em 11 de fevereiro para conversar com vítimas e familiares, apresentando cinco casos ocorridos entre os dias 7 e 9 de fevereiro, que resultaram em oito mortes.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirma que as mortes decorreram da reação violenta de criminosos à ação policial no combate ao crime organizado, que tem presença na Baixada Santista. A pasta destaca que a escolha pelo confronto é sempre do suspeito, colocando em risco a vida dos policiais e da população.

Agentes da Rota durante ação da Operação Verão em São Vicente. Reprodução

O relatório da Ouvidoria também inclui o caso de um homem deficiente físico morto por tiros de fuzil no morro do São Bento, em Santos, no dia 9. A versão oficial afirma que ele e um amigo, armados, saíam de uma área de mata e reagiram à abordagem. A família, negando a versão policial, apresentou laudos de que o homem, devido ao uso de muletas, não poderia atirar andando.

O documento ainda relata um caso ocorrido em Parque Bitaru, em São Vicente, no dia 9, em que um homem, funcionário da prefeitura, foi baleado durante uma abordagem policial por se recusar a colocar as mãos na cabeça. Seu pai, um idoso que utiliza bengala, também foi agredido. A ação foi gravada por testemunhas.

A SSP destaca que as corregedorias das forças de segurança estão disponíveis para formalizar e apurar qualquer denúncia contra agentes públicos, reafirmando seu compromisso com a legalidade, os direitos humanos e a transparência.

Além disso, os casos mencionados no relatório estão sob investigação das polícias Civil e Militar, com acompanhamento do Ministério Público e do Poder Judiciário.

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