Os três ministros que se livraram da visita de Bolsonaro. Por Moisés Mendes

Atualizado em 22 de fevereiro de 2023 às 16:14
Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal. Foto/Reprodução

Três ministros ficaram de fora da conversa de Bolsonaro no Supremo. Poderão ter o privilégio de contar, daqui a alguns anos, que não ouviram a voz do sujeito na reunião.

Não estiveram no encontro Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, que estavam em outros compromissos. Que agendas providenciais.

Participaram a presidente do STF, Rosa Weber, e Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Luiz Fux, Edson Fachin, Nunes Marques, André Mendonça e Alexandre de Moraes.

É uma situação complicada. Bolsonaro foi ao encontro dos ministros depois que eles teriam rejeitado um convite para que fossem ao Planalto ou ao Alvorada.

Ir ao Planalto fazer o quê? E como receber Bolsonaro depois de um discurso em que o sujeito não cumprimentou o vencedor da eleição e ainda disse ter um “sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral”.

Que sentimento? Que processo eleitoral? Foi uma referência de novo à desconfiança com as urnas e a apuração?

Bolsonaro foi, com Paulo Guedes, pedir trégua, mesmo que não tenha dito uma frase nesse sentido?

Alguém imagina que um político rodado, uma raposa das antigas, poderia sair de um discurso desrespeitoso e ir pedir arreglo a ministros do Supremo?

No discurso de pouco antes, ele não se refere ao TSE ou ao STF, depois de quatro anos de ataques às instituições e a ministros.

É normal, na anormalidade brasileira, que Bolsonaro posso ter ido ao encontro dos ministros para dizer, com olhares e reticências, que espera tratamento condescendente do STF?

Se não foi pedir nada, foi fazer o quê, se em nenhum momento fez referência à lisura da eleição, citando apenas (como sempre faz) “as quatro linhas da Constituição”?

O que significam hoje as quatro linhas da Constituição para Bolsonaro? O que o sujeito foi fazer no Supremo que ele só parou de atacar depois de derrotado?

O ministro Edson Fachin contou que ele disse: “Acabou”. Foi só o que Fachin contou aos jornalistas.

E que isso significa olhar para a frente. Numa conversa privada, o derrotado admitiu que perdeu.

Mas os brasileiros devem querer entender o sentido dessa visita de uma hora de um presidente que sempre destratou e ameaçou seus anfitriões.

O que oito ministros da instituição mais atacada pelo fascismo podem ter conversado durante uma hora com Bolsonaro?

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