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Pacaembu é entregue à iniciativa privada por valor abaixo do previsto pela Prefeitura

Pacaembu

Publicado originalmente no site Brasil de Fato

POR JUCA GUIMARÃES

A prefeitura de São Paulo concluiu nesta sexta-feira (8) o processo de licitação do estádio municipal do Pacaembu. O vencedor foi o consórcio Patrimônio SP, formado pelo fundo de investimentos Savona e pela empresa Progen, que poderá explorar o estádio pelos próximos 35 anos. O valor pago pela concessão foi de R$ 111,2 milhões.

Há cerca de um ano, a estimativa para o valor de privatização do Pacaembu, de acordo com o prefeito João Doria (PSDB), era de R$ 900 milhões. Em julho de 2018, o edital da licitação foi republicado e o valor previsto foi atualizado para R$ 500 milhões.

Para o coordenador da Rede Nossa São Paulo, Américo Sampaio, a privatização do complexo esportivo do Pacaembu é uma perda irreparável para a cidade. A gestão, segundo ele, seguiu o modelo clássico de sucateamento para maximizar o déficit e justificar a privatização.

“Essa privatização vai reduzir a área de utilização pública e aumentar a área de uso privado. Isso deve acontecer, por exemplo, no uso do parque esportivo. O valor da privatização é muito baixo. Foi vendido a preço de banana”, lamenta Sampaio.

O coordenador da Rede Nossa São Paulo também ressalta a concessão por 35 anos, feita às pressas, um dia depois da liberação no Tribunal de Contas do Município (TCM). “Anualmente, o Pacaembu tinha um déficit que podia variar de R$ 5 milhões a R$ 9 milhões, mas isso é muito mais por conta da má administração. Os espaços são subaproveitados e não tinha investimentos. Se tivesse tido uma gestão melhor, o Pacaembu seria um polo importante de esporte, lazer e cultura, servindo a políticas públicas”, acrescenta.

De acordo com o coordenador, a privatização só favorece o interesse das empresas que fazem parte do consórcio vencedor. “Perde a população e perde a prefeitura, que vai receber bem menos que o valor real. Só quem vai lucrar é o consórcio, porque vai poder construir torres comerciais e um hotel. Não havia motivo para privatizar. Era só investir mais na divulgação dos equipamentos e serviços. Além disso, o próprio valor do déficit é irrisório diante do Orçamento da cidade”, disse.

A Prefeitura de São Paulo, comandada por Bruno Covas (PSDB), e a Progen foram procuradas pelo Brasil de Fato para explicar a privatização fechada com valor 87% abaixo do estimado inicialmente e os critérios de uso daqui para frente, mas não responderam. No complexo, além do estádio de futebol, funcionam um parque de esportes, uma piscina pública  e o museu do Futebol.

Diario do Centro do Mundo

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