Plano de Bolsonaro contra Moraes teria começado antes das eleições e contado com hacker da Vaza-Jato

Atualizado em 6 de fevereiro de 2023 às 14:42
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
Foto: Reprodução

Antes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se reunir com o ex-deputado preso Daniel Silveira (PTB) e com o senador Marcos do Val (Podemos), para planejarem um golpe de estado, presumivelmente, já haviam indícios sobre a elaboração da possível trama. Segundo a revista Veja, o plano foi iniciado antes das eleições.

Pelo que se sabe, o senador teria sido coagido a fazer parte de um plano arquitetado por Bolsonaro, para conseguir anular o resultado das eleições e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): grampear conversas com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Alexandre de Moraes.

Em 10 de agosto do ano passado, às vésperas do início da campanha eleitoral, o hacker Walter Delgatti Netos se encontrou discretamente com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, a residência oficial do presidente, em uma reunião articulada pela deputada Carla Zambelli (PL), uma das aliadas mais próximas do então presidente. O foco da reunião foram as “supostas fragilidades técnicas das urnas eletrônicas”.

Em seguida, o hacker foi conduzido ao Ministério da Defesa, pelo coronel Marcelo Costa Câmara, assessor especial de Bolsonaro na Presidência. O hacker teria tido um encontro com o titular da pasta, o ministro Paulo Sérgio Nogueira, e conversado com um grupo que incluía o coronel Eduardo Gomes da Silva, um oficial do Exército sem cargo no ministério. As conversas não foram reveladas.

No mês seguinte, novamente se reuniram. Bolsonaro teria proposto a Delgatti que ele assumisse a autoria de um grampeamento ilegal de Moraes que, em algum momento, apesar de não ser como o esperado, se tornaria algo público.

“Eu encontrei a outra (Zambelli) e ela levou um celular, abriu o celular novo, colocou um chip, aí ela cadastrou o chip e ele (Bolsonaro) telefonou no chip. Foi por chamada normal (..) Eles precisam de alguém para apresentar (os grampos) e depois eles garantiram que limpam a barra”, confidenciou.

Portanto, a ideia inicial se mostrou evidente: usar o hacker para investir em uma espécie de nova Vaza-Jato, o grande vazamento de diálogos da força-tarefa da Lava-Jato dentro do Telegram, mais uma vez, saindo em benefício de Bolsonaro.

Segundo o jornalista Reynaldo Turollo Jr., em seus relatos, Delgatti se referia ao ex-presidente como Zero Um. “Ele falou: ‘A sua missão é assumir isso daqui. Só, porque depois o resto é com nós’. Eu falei beleza. Aí ele falou: ‘E depois disso você tem o céu’”, disse.

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