Polícia descobriu quem matou Marielle em 2018 e não quis prender, diz Witzel

Atualizado em 27 de março de 2024 às 13:10
O ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel. Foto: Mauro Pimentel/AFP

O ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, afirmou que a cúpula da Polícia Civil já sabia quem eram os dois executores do atentado contra Marielle Franco em 2018, mas não prenderam os suspeitos porque queriam supostamente identificar os mandantes do crime. Os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz só foram presos em março de 2019.

À época, os delegados Rivaldo Barbosa e Giniton Lages, que respondiam aos generais Walter Braga Netto e Richard Nunes, foram afastados antes das prisões. Eles eram responsáveis pelo caso e davam as cartas na corporação.

“Fiz uma reunião ainda antes de assumir, na transição de governo, e perguntei aos delegados: ‘Qual a informação vocês têm do caso Marielle?’. Eles me disseram: ‘Nós temos a informação de dois executores’. Eu falei: ‘Ué, por que vocês não pediram a prisão deles ainda?’. E eles responderam: ‘Nós estamos esperando chegar no mandante’”, conta Witzel à coluna de Paulo Cappelli no metrópoles.

Ele sugere que a polícia não queria prender a dupla durante as eleições para evitar gerar desgastes à campanha de Jair Bolsonaro, à época candidato à Presidência. “Você imagina se essa informação é divulgada, se eles são presos na véspera da eleição. O matador da Marielle morador e vizinho do candidato. Como a informação cairia naquele momento?”, prossegue.

Na ocasião, Braga Netto comandava uma intervenção no Rio de Janeiro na área da segurança. Richard Nunes chefiava a Secretaria de Segurança Pública e tinha contato direto com as polícias Civil e Militar. Questionado se eles teriam “segurado” as prisões, Witzel diz que é preciso perguntar aos policiais afastados.

“Eu não posso afirmar que ele segurou. Mas é preciso perguntar ao Giniton Lages, hoje investigado, e ao delegado Rivaldo Barbosa, se essa informação foi levada ao interventor e ao secretário de Segurança Pública”, afirma.

O ex-governador afirma que os dois agentes podem querer fazer uma delação para revelar o caso e que só eles podem revelar se os generais tentaram “segurar” as detenções. “Sonegar essa informação durante a eleição é gravíssimo”, completa.

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