Dados divulgados pela reportagem do jornal O Globo mostram que o universo armamentista teve um crescimento grande no último ano, em pleno governo Bolsonaro. Até o mês de novembro de 2021, o Exército concedeu 1.162 novos registros por dia a Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs).
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Armas e tiro no governo Bolsonaro
Esse valor é mais que o dobro dos 567 contabilizados diariamente no ano anterior. Para esse público pujante de apreciadores de armas, o mercado tem oferecido cada vez mais serviços como clubes de tiro de luxo com funcionamento 24 horas, treinamento exclusivo para mulheres e até hotel rural com espaços para a prática de “tiroterapia” em família.
Em espaços de convivência, segundo o jornal, é possível degustar, a pedidos, charutos ou bebidas temáticas como a vodka russa Kalashnikov, que leva o nome do inventor do AK-47 e cuja garrafa imita uma munição de fuzil. Alguns contam com cozinhas sob supervisão de chefs renomados, além de piscina aquecida e quadra de beach tennis.
Com a política de flexibilização do acesso a armas, número de brasileiros com suas carteirinhas ativas de CAC chegou a quase meio milhão no último ano, quase o triplo de 2019. Essas informações foram obtidas via Lei de Acesso à Informação (LAI), junto ao jornal e aos institutos Igarapé e Sou da Paz.
A volta dos trabalhos no Congresso nessa semana pode levar o Senado a retomar a discussão de uma das propostas de alteração na lei com mais potencial de impactar esse público. O PL 3.723/2019, do Executivo, tem a pretensão de alterar o Estatuto do Desarmamento de 2003, que limitou o acesso a armas e munições no Brasil.
Desde então, o porte foi proibido para civis, com exceções para poucas categorias profissionais, e a posse — o direito de ter a arma em casa ou no trabalho — passou a ter uma série de restrições.
Presidente Jair Bolsonaro tem apoiado o afrouxamento das regras: em sua gestão foram 14 decretos presidenciais, 14 portarias de órgãos de governo, dois projetos de lei e duas resoluções com esse intuito. Porém, boa parte foi contestada no Superior Tribunal Federal (STF).
Sob o argumento da busca de segurança jurídica, os armamentistas apostam agora no PL para consolidar, no texto da lei, algumas regras já alteradas.