“Professora”: Moraes foi monitorado por golpistas até no Natal

Atualizado em 8 de fevereiro de 2024 às 14:28
O ex-presidente Jair Bolsonaro e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Foto: reprodução

A Polícia Federal divulgou novas descobertas relacionadas à investigação sobre a tentativa de golpe bolsonarista, revelando detalhes de comunicações entre ex-ajudantes de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro e planos para monitorar e deter autoridades do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo as informações obtidas, Marcelo Câmara e Mauro Cid, ex-ajudantes de ordens de Bolsonaro, trocavam mensagens sobre o itinerário do ministro Alexandre de Moraes, do STF, utilizando o codinome “professora” para se referir a ele. Essas comunicações foram interceptadas pela PF, revelando um monitoramento detalhado da agenda e dos deslocamentos do ministro.

Entre os dias 21 e 24 de dezembro, véspera de Natal, Cid perguntou a Câmara por onde andava “a professora”. O então colega respondeu que a pessoa monitorada estava em São Paulo e acrescentou: “Volta no dia 31 a noite para posse”, se referindo ao primeiro dia do mandato de Lula, em 2023.

“Outro fator relevante é que MARCELO CÂMARA já tinha pelo menos desde o dia 15.12.2022 o itinerário exato de deslocamento pelos próximos 15 dias do ministro ALEXANDRE DE MORAES, o que demonstra o acesso privilegiado de informações pelo grupo. As circunstâncias identificadas evidenciam ações de vigilância e monitoramento em níveis avançados, o que pode significar a utilização de equipamentos tecnológicos fora do alcance legal das autoridades de controle”, escreveu a PF na representação ao STF, segundo a Veja.

Marcelo Câmara (em destaque), o novo faz-tudo de Bolsonaro, teve sigilo quebrado — Foto: Reprodução

A PF também descobriu uma minuta golpista que detalhava os planos para prender ministros do STF, incluindo Moraes e Gilmar Mendes, além de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado Federal. A minuta foi entregue ao ex-presidente Bolsonaro por seu assessor Filipe Martins, preso na operação desta quinta-feira, juntamente com Amauri Feres, advogado apontado como autor do documento.

Após receber a minuta, Bolsonaro solicitou a retirada dos nomes de Pacheco e Gilmar, mas a manutenção do nome de Moraes. Além disso, ele pediu que o trecho que previa a realização de novas eleições fosse mantido no documento. Os golpistas também monitoraram a agenda e os voos de Moraes, visando prendê-lo em caso de golpe de Estado.

Outro aspecto revelado pela investigação é o pedido de uma “bala de prata” feito por Mauro Cid, buscando uma solução que impulsionasse o golpe. Ele também recebeu um pedido de R$ 100 mil de articuladores de atos golpistas para auxiliar na organização das manifestações.

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