A decisão do ministro do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de manter a prisão de Anderson Torres não incomodou apenas o ex-ministro da Justiça, como também o seu ex-chefe, o ex-presidente Jair Bolsonaro, e alguns dos seus operadores políticos.
Segundo a coluna de Josias de Souza, no UOL, o ex-mandatário disse a aliados que está convencido de que Moraes prolonga o “sofrimento” de Torres para forçar o ex-auxiliar a incriminá-lo nos inquéritos sobre os atos terroristas de 8 de janeiro.
Moraes negou o pedido da defesa de Torres, que tinha parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR), por considerar que no atual momento das investigações a “razoabilidade e proporcionalidade continuam justificando a necessidade e adequação” da medida.
Ele também avalio que a necessidade de segregação de ex-ministro da Justiça foi reforçada por “fortes indícios” de sua ligação com a “minuta do golpe”, que foi apreendida pela Polícia Federal em sua casa, além das fiscalizações em massa da Polícia Rodoviária Federal no segundo turno das eleições.
O ministro também destacou os indícios de “conduta omissiva” de Torres quanto ao acampamento golpista em frente ao QG do Exército e o “risco daí gerado, que culminou nos fatídicos atos do dia 8 de janeiro”.
Por ordem de Moraes, a Polícia Federal intimou Anderson Torres para depor novamente nesta segunda-feira (24). Ocorrerá 72 horas antes do depoimento do próprio Bolsonaro, marcado para a próxima quarta-feira (26).
Em avaliação compartilhada com aliados, Bolsonaro insinuou que a proximidade não é casual. Acha que o encadeamento das datas busca “arrancar” de Torres informações que, eventualmente, poderiam ser usadas pela Polícia Federal como munição para o seu interrogatório.
Bolsonaro acredita que Moraes estaria mimetizando no caso de Torres um comportamento análogo ao que foi imputado pelo Supremo à antiga força-tarefa da Lava Jato. Nesse cenário, segundo avaliação do ex-presidente, Moraes prolongaria a prisão de Torres com o objetivo de obter dele um comportamento colaborativo.