Putin está ajudando o imperialismo estadunidense. Por Igor Fuser

"Cometeu um erro colossal, que coloca em risco a possibilidade de uma distribuição menos desigual do poder no planeta e a própria sobrevivência de uma Rússia soberana"

Atualizado em 17 de março de 2022 às 9:01
Vladimir Putin
Vladimir Putin. Foto: Wikimedia Commons
Por Igor Fuser

Sobre a guerra de Putin. Ao tentar resolver uma situação estratégica desfavorável por meio de uma guerra “preventiva” deflagrada sem qualquer perspectiva de uma vitória política, Putin tornou a correlação de forças ainda mais favorável – imensamente mais favorável – ao imperialismo estadunidense.

Cometeu um erro colossal, de dimensões históricas, um erro que coloca em risco a possibilidade de uma distribuição menos desigual do poder no planeta e a própria sobrevivência de uma Rússia soberana. Esse é um erro que só pode ser entendido no contexto do autoritarismo, do alto grau de concentração do poder político na Rússia.

O Estado russo poderia (im)perfeitamente conviver com uma Ucrânia hostil, integrada na Otan, apesar das tensões inevitáveis. Há uma imensa distância entre Ucrânia na Otan e ataque nuclear do tipo “first strike”.

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O que a Rússia de Putin poderia fazer?

No longo prazo, a Russia tinha condições de compensar essa situação de assédio militar se fortalecendo economicamente com auxilio da aliança com a China e explorando as diferenças no campo ocidental, especialmente nas relações com Alemanha e França.

Mas não. Putin, o machão, escolheu a guerra e jogou no lixo tudo o que havia sido conquistado em décadas de diplomacia e de comércio exterior, um patrimônio politico cujas origens remontam à Ostpolitik de Willy Brandt…

Que desastre, que desastre, só não acrescento “meu Deus” porque não acredito.

Originalmente publicado no Facebook do autor.

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