Publicado originalmente no blog Tijolaço
POR FERNANDO BRITO
Tecnicamente, a interpelação judicial do jornalista Glenn Greenwald contra Jair Bolsonaro é perfeita como peça jurídica.
Afinal, chamar alguém de malandro – quem leva a vida sem trabalho; vadio ou dado espertezas e furtos – é injuriante e infamante e, pior, alegar que o premiado jornalista casou-se com um brasileiro para ficar livre de uma possível deportação “casa com outro malandro ou adota criança no Brasil”, o que é calúnia.
A interpelação, espécie de antessala de um processo, deixa Bolsonaro diante de uma sinuca: ou se desmente a autoria ou diz que “não foi bem isso” o que quis dizer.
Confirmar, neste caso, seria assumir a prática de crime contra a honra.
Mas pode ser pior, se acolhido o argumento de que as declarações presidenciais encerram homofobia, recentemente equiparada penalmente ao racismo pelo próprio STF.
Juridicamente, porém, o pedido de Greenwald esbarra em um problema insólito : o nosso próprio Judiciário.
Dificilmente a interpelação poderá deixar de ser aceita, é verdade, diante de tão flagrante violação.
O provável é que dela, porém, venha uma resposta do “não foi bem isso” que disse
Até aceitar-se uma queixa-crime contra o presidente vão anos-luz de distância.
Ainda assim é importante.
A briga de Greenwald era com Moro e, agora, passa a ser com Bolsonaro.
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