Quem é Molon e por que seu passado lavajatista incomoda o PT

Atualizado em 7 de agosto de 2022 às 12:23
Alessandro Molon, pré-candidato ao Senado pelo PSB-RJ. Crédito: Ag. Câmara

O deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) tem sido o personagem principal do noticiário envolvendo as eleições no RJ nas últimas semanas. O motivo: sua insistência em manter sua candidatura ao Senado na chapa de Marcelo Freixo na vaga que, pelo acordo celebrado entre seu partido e o Partido dos Trabalhadores, deveria ser ocupada por um representante da legenda do ex-presidente Lula.

O PT apresentou o nome de André Ceciliano, mas Molon não abriu mão de seus planos e, com isso, gerou uma crise que fez com que o partido da estrela vermelha retirasse formalmente o apoio concedido a Freixo e a ameaça de que seu próprio partido não repassasse as verbas do Fundo Eleitoral para sua campanha.

Alessandro Lucciola Molon, 50 anos, é advogado e professor universitário na PUC-Rio e iniciou sua carreira política no mesmo PT que agora não quer ver ocupando a vaga da candidatura ao Senado na chapa que ostenta Marcelo Freixo como candidato ao Palácio Guanabara.

O pré-candidato foi filiado ao Partido dos Trabalhadores entre 1999 e 2015, agremiação pela qual foi eleito o deputado federal mais votado do Estado em 2014, mas saiu no ano seguinte, cobrando a autocrítica do partido em razão dos escândalos de corrupção “revelados” pela então todo-poderosa Operação Lava Jato.

Molon era um dos comensais no célebre jantar em homenagem ao juiz Marcelo Bretas na casa de Caetano Veloso. Além dele, lá também estavam Chico Alencar (PSOL-RJ) e Randolfe Rodrigues (REDE-AP). O objetivo do jantar era promover um desagravo ao magistrado contra as críticas feitas por Gilmar Mendes.

Ao fundo, atrás de Caetano, Molon prestigia ato em “desagravo” ao juiz Marcelo Bretas. Reprodução

Disse que o impeachment de Dilma Rousseff deveria ser evitado porque, se aprovado, acabaria com a Lava Jato. Ele defendia que Dilma fosse deposta por decisão dos sete juízes do TSE.

Outro aspecto do currículo de Molon que deixa os militantes de esquerda de orelha em pé é o fato de ele pertencer a uma “Rede de Líderes da Fundação Lemann”, tendo sido aprovado no processo seletivo do think tank em 2021. Mantida pelo bilionário Jorge Paulo Lemann, a fundação é conhecida por propagar seu ideário liberal e suas iniciativas junto a educação pública.

Considerado bonitão e desenvolto, o político vem angariando apoios de peso no mundo das celebridades: Felipe Neto e Anitta foram dois gigantes das redes sociais que recentemente manifestaram apoio  à sua candidatura. A seu favor, um forte argumento: as pesquisas. O levantamento feito pela Real Time Big Data no fim do mês de Julho indica empate técnico entre ele e o bolsonarista Romário, com vantagem numérica para o peessebista: 17 x 16. André Ceciliano,o nome do PT à sucessão, na mesma pesquisa, figura com 5% dos votos.

Se do ponto de vista eleitoral seu nome é o mais viável para a centro-esquerda carioca, também é verdade que o acordo feito entre PT e PSB não previa que dois membros do partido do Geraldo Alckmin ocupassem as cabeças de chapa tanto para o Governo quanto para o Senado.

O grande risco no momento é dinamitar-se a aliança entre os partidos de Lula e Freixo e isso abrir um flanco para que o atual governador Claudio Castro reeleja-se, o que seria uma imensa derrota às forças progressistas fluminenses.

Talvez o torniquete financeiro imposto pela Executiva Nacional do PSB seja um bom motivo para Molon praticar o mesmo exercício de autocrítica que cobrava de seu ex-partido, e que  o tempo – bem como a Vaza Jato e Operação Spoofing – mostrou quem tinha razão.