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Quem é Ola Bini, ativista sueco preso no Equador horas depois de Assange

Foto: reprodução

PUBLICADO NO PORTAL BRASIL DE FATO

POR RAFAEL TATEMOTO 

Após prisão do fundador do Wikileaks, Julian Assange, um programador sueco que vive em Quito, Equador, foi detido pela polícia local nesta quinta-feira (11), enquanto se preparava para embarcar para o Japão, onde participaria de um evento de artes marciais.

Nenhum mandado ou acusação formal foi apresentada contra Ola Bini, que tem autorização para viver e trabalhar no país. Pessoas próximas ao tecnólogo, que teve acesso restrito a advogados, ainda buscam informações sobre as motivações da ação. Algumas versões apontam que a prisão foi realizada com um mandado que tinha como alvo um russo. Também há Informações de que foi realizada uma busca em sua casa e nada suspeito foi encontrado.

A Polícia equatoriana informou que deteve um indivíduo que colaborava com o Wikileaks. No país, Bini foi retratado como um colaborador criminoso de Assange que estaria tramando contra o governo de Lenin Moreno e que teria realizado diversas viagens internacionais com Ricardo Patino, ex-ministro de Relações Exteriores do governo de Rafael Correa (2007-2017), com esse intento. O ex-chanceler repudiou as afirmações.

A prisão de Bini gerou uma onda internacional de indignação. O teórico da tecnologia, Eugeny Morozov, e Chefe de Tecnologia e Inovação Digital de Barcelona, para quem Ola já prestou serviços, repudiaram a ação equatoriana.

Perfil

Ola Bini é um dos programadores mais reconhecidos mundialmente, trabalhando com softwares livres como um ativista do direito à privacidade. Em uma eleição entre tecnólogos da Suécia, um dos países com uma das mais qualificadas comunidades de tecnologia, foi eleito o sexto mais importante programador do país.

O coletivo com o qual Bini trabalha listou suas ações profissionais, apontando não só sua capacidade para o desenvolvimento de programas, mas das próprias linguagens de programação.

Brasil de Fato conversou com a britânica , documentarista e ativista amiga de Bini. Se mostrando “chocada e supresa”, considerou a prisão como uma situação “bizarra” e “confusa”, já que nada nas atividades do sueco pode ser considerada criminosa.

“Todos conhecem Ola na comunidade [de tecnologia]. Aliás, é uma comunidade pequena. Diversas pessoas que atuam nessa área já estiveram com Assange centenas de vezes. Isso não quer dizer nada. Ele é oposto do que pode ser chamado de hacker, ele atua pela privacidade e segurança digitais”, afirma.

Para Gilbert, a situação no Equador aponta para um risco crescente para a comunidade de desenvolvedores de tecnologia que atuam com privacidade de dados: “É uma loucura, como ele seria capaz de conspirar contra um presidente?”, questiona.

Jose Cassio

JC é jornalista com formação política pela Escola de Governo de São Paulo

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