R$ 17 mil/mês: marqueteiro de Bolsonaro tem agenda vazia há mais de ano em cargo no Planalto

Atualizado em 17 de agosto de 2022 às 18:31
Chefe da assessoria internacional de Bolsonaro não tem compromisso na agenda oficial há 8 meses. Os dois aparecem em foto juntos lado a lado sem máscara.
Jair Bolsonaro e Filipe Garcia Martins em foto publicada pelo assessor nas redes sociais – Reprodução/Twitter

Publicado originalmente no Brasil de Fato

Um dos assessores especiais da Presidência da República, Filipe Martins, festejou nesta semana a ascensão do “Gabinete do Ódio” na equipe da campanha de Jair Bolsonaro (PL) à reeleição.

Envolvido nos atos de campanha e escalado para acompanhar o presidente no Flow Podcast, ele já está há 15 meses sem compromissos em sua agenda oficial como servidor público.

A Lei 12.813/2013 determina que servidores federais em cargos de Direção e Assessoramento Superiores (DAS) de nível 6, como é o caso de Martins, “divulguem, diariamente, por meio da rede mundial de computadores – internet, sua agenda de compromissos públicos”.

Para ocupar o posto de chefe da assessoria de Assuntos Internacionais do Palácio do Planalto, ele recebe salário de R$ 16.944,90 mensais. Contabilizando apenas o período sem compromissos de sua agenda, desde junho de 2021, ele faturou R$ 238 mil sem comprovar atividades profissionais no cargo.

Em fevereiro, o Brasil de Fato fez o primeiro questionamento à Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência sobre o tema. O órgão não deu retorno ao pedido. Quatro meses depois, a reportagem mostrou que agenda oficial de Martins completava um ano vazia.

Atualmente, já são mais de 430 dias em que Filipe Martins permanece sem nenhuma reunião, audiência ou compromisso público em sua agenda oficial. Nem mesmo a categoria genérica “despachos internos”, comumente usada por servidores para driblar o detalhamento das atividades, é utilizada no caso de Martins.

Assessor festejou ascensão na campanha

Nesta terça-feira (16), o Flilipe Martins republicou uma postagem que citava que o “Gabinete do Ódio” ganhou importância e atribuições na campanha do presidente. O texto citava ele e Carlos Bolsonaro como os novos comandantes da comunicação eleitoral bolsonarista.

Nos últimos dias, Filipe Garcia Martins entrou de cabeça na campanha nas redes sociais. De 1º a 7 de agosto, ele fez apenas três publicações no Twitter. De 8 de agosto, quando foi assessorar Bolsonaro no Flow Podcast, até esta quarta-feira (17), já fez 17 posts.

Filipe Martins foi um dos assessores que acompanhou Bolsonaro em entrevista Flow Podcast / Reprodução/Twitter

Entre as publicações, respostas a postagens do ex-presidente Lula (PT) e críticas ao deputado federal André Janones (Avante), que desistiu da corrida presidencial para apoiar o candidato petista.

Publicação compartilhada por Filipe Martins festeja maior influência na campanha eleitoral / Reprodução/Twitter

Absolvido por gesto de conotação racista

Em outubro do ano passado, o juiz federal Marcus Vinicius Reis Bastos, da 12ª Vara Federal de Brasília, absolveu Martins de uma acusação por racismo.

A denúncia do Ministério Público Federal se baseou em um suposto gesto de conotação racista feito por Martins durante uma sessão em março do ano passado no Senado. O sinal é o mesmo usado por grupos supremacistas brancos nos Estados Unidos.

Na denúncia apresentada à Justiça, o MP afirmou que Filipe Martins tem “padrão de comportamento” de difusão de “ideias ou símbolos extremistas