Reverendo mentiu ao dizer que não negociou vacinas com municípios e emails provam

Atualizado em 3 de agosto de 2021 às 16:55
Durante resposta aos questionamentos da CPI, reverendo Amilton Gomes de Paula se emociona, chora, e pede perdão pela negociação de vacinas de sua entidade com o Ministério da Saúde, que acabou não resultando na compra de imunizantes para a população brasileira.
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Alguns emails indicam que o reverendo Amilton Gomes de Paula e integrantes da entidade dirigida por ele tentaram vender vacinas a diversos municípios brasileiros.

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No depoimento à CPI da Pandemia nesta terça (3), o líder religioso negou que tenha tratado com prefeitos e com municípios. Em 25 de fevereiro, o reverendo enviou email à secretaria-executiva da Associação dos Municípios do Acre (Amac), que representa as 22 cidades do estado. Nele, Amilton dizia que estava encaminhando uma “carta de informações” sobre vacinas da Astrazeneca, cuja venda seria feita “com viés humanitário”. A mensagem foi enviada do endereço [email protected] e é assinada pelo próprio Amilton Gomes de Paula.

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Conversas seguiram. No mês seguinte, já no dia 26 de março, a Amac enviou então uma carta de intenção, dizendo-se interessada na compra de vacinas da Janssen. A mensagem foi enviada por email para Renato Gabbi, integrante da Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários), instituição dirigida por Amilton. Gabbi remeteu o pedido ao representante da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho. No mesmo dia, Carvalho respondeu dizendo que não teria mais a disponibilidade da vacina da Janssen e que a companhia poderia fornecer doses da Astrazeneca. No fim, o negócio não se concretizou.

À CPI, Amilton Gomes de Paula sustentou não ter conhecimento de tratativas com prefeituras.

“Senador, eu desconheço, assim, essa amplitude aonde nós chegamos com governadores, com prefeitos ou prefeituras. Eu desconheço. Eu não conversei com nenhum governador, eu não conversei com nenhum prefeito, eu não conversei com nenhum município”, disse em resposta ao relator da CPI, Renan Calheiros. O reverendo não mencionou a abordagem feita por ele à instituição que representa 22 municípios do Acre e que representantes da Senah estavam tentando intermediar o negócio.

De acordo com Cristiano Carvalho, que já depôs à CPI, essa não foi a única tentativa com prefeituras. Ele afirma que os contatos com municípios eram todos feitos pela Senah, que então avisava à Davati sobre as possibilidades de negócio. “O reverendo soltou uma mala direta para prefeituras do Brasil inteiro em nome da Davati e começaram a chegar pedidos de consórcios e associações. Tudo através dele. Eu, Dominghetti, a própria Davati nós nunca tivemos esse tipo de acesso. Ele está se eximindo da responsabilidade”, diz Carvalho.

Com informações de Renata Agostini na CNN Brasil.