Ricardo Salles busca foro privilegiado como deputado para não ser preso

Atualizado em 16 de fevereiro de 2022 às 20:30
Ricardo Salles posa à frente de madeira extraída de concessão ilegal da Amazônia
Ricardo Salles e a madeira ilegal extraída de reserva do governo federal na Amazônia e contrabandeada para o exterior

Com a escalada para o fim do domínio bolsonarista, ministros, ex-ministros, colaboradores, puxa-sacos e até o mais ralé dos aspones anunciam candidaturas a qualquer cargo eletivo em 2 de outubro. Disputam a tapas um foro privilegiado qualquer. O caso mais escabroso envolve Ricardo Salles, que dirigiu o ministério do Meio Ambiente entre 2019 e meados do ano passado e, agora filiado ao PL, tem planos de tentar ser deputado federal.

Salles busca por um foro privilegiado desde que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, encaminhou à Justiça de Altamira, no Pará, os autos do processo no qual se investiga seu envolvimento em prática de contrabando de madeira aos Estados Unidos, Belgica e Dinamarca.

“Se o investigado não exerce mais o cargo que atraiu a competência desta corte em razão do foro por prerrogativa de função — ministro de Estado do Meio Ambiente —, é necessário o declínio da competência”, despachou Alexandre.

O processo trata de denúncia apresentada pela Polícia Federal a partir de informações do governo americano para onde a madeira foi desviada e posteriormente apreendida.

Salles é acusado de crimes de corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando.

Além do ex-ministro, que acabou exonerado, 10 funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Ministério do Meio Ambiente foram afastados, entre eles o presidente do Ibama, Eduardo Bim.

O processo mostra que 3 das 4 origens de madeiras contrabandeadas ao exterior são provenientes de concessões no interior da Floresta Nacional de Altamira, Unidade de Conservação Federal localizado no Pará.

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“Dúvida não há de que os produtos apreendidos pelas autoridades norte-americanas ou são oriundos, em sua maior parte, de áreas de concessão florestais no interior da Floresta Nacional de Altamira, ou foram extraídos de outras áreas, provavelmente próximas, mas legalizadas por meio de documentos ideologicamente falsos”, escreveu o ministro do STF.

“A situação que se apresenta é de grave esquema criminoso de caráter transnacional”, destacou a PF em sua denúncia. “Esta empreitada criminosa não apenas realiza o patrocínio do interesse privado de madeireiros e exportadores em prejuízo do interesse público, mas, também, tem criado sérios obstáculos à ação fiscalizatória do Poder Público no trato das questões ambientais com inegáveis prejuízos a toda a sociedade”.

Conforme os agentes, as investigações começaram em janeiro do ano passado, “a partir de informações obtidas junto a autoridades estrangeiras noticiando possível desvio de conduta de servidores públicos brasileiros no processo de exportação de madeira”.

A operação chegou a ser celebrada pelo delegado Alexandre Saraiva, que acabou removido da Superintendência da PF no Amazonas após a denúncia.

“Salmo 96:12: ‘Regozijem-se os campos e tudo o que neles há! Cantem de alegria todas as árvores da floresta’.”, publicou Saraiva em seu perfil no Twitter, para em seguida exibir o desenho de uma moto com a inscrição “Eu te disse, eu te disse!”

Salles é ruim de voto

Em 2018, Salles concorreu pelo Partido Novo e obteve apenas 36,6 mil votos.

Ele já havia sido candidato outras vezes e nunca emplacou.

Agora, concorrendo pelo partido de Waldemar da Costa Neto, a conversa é diferente: está sendo apontado como um dos puxadores de voto do PL.

É bom mesmo que essa previsão se realize, pois do contrário seu destino tem tudo para ser a cadeia, provavelmente como o primeiro criminoso enquadrado após o fim da longa noite de terror bolsonarista que assola o país.

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