A covardia abjeta do ataque de Carlos Bolsonaro a Samara Felippo. Por Nathalí

Atualizado em 24 de fevereiro de 2022 às 12:42
Carlos Bolsonaro é acusado de expor filhas de Samara Felippo
Vereador é acusado por atriz Samara Felippo

Seguindo os passos do pai, Carlos Bolsonaro não vive um só dia de sua vida sem virar manchete por alguma m*rda que fez: dessa vez ele resolveu expor crianças na tentativa de validar um discurso negacionista.

As crianças em questão são filhas da atriz Samara Felippo, que aparecem em um vídeo abraçando a mãe com máscara e capa de chuva (numa tentativa desesperadamente responsável de manter o afeto em tempos de covid).

O vídeo, que havia sido publicado por Samara no ano passado e em tom de brincadeira quando suas filhas contraíram o vírus, foi repostado no Instagram do zero dois sem qualquer contextualização, com o objetivo (definitivamente falido) de expor ao ridículo aqueles que não vivem como se não houvesse pandemia.

“O preservativo ganhou vida” e “marionetes da globo” foram alguns dos comentários dos seguidores de Carluxo – sim, o conceito deles de humor é esquisito – e a atriz, é claro, reagiu à exposição às suas filhas com um apelo para que seus seguidores denunciassem o vídeo.

“Ele acha que está tudo bem fazer isso e pra mim é muito grave expor os filhos dos outros.”

A falta de noção da família Bolsonaro é frequentemente tão exagerada – quase caricata – que é preciso que se percorra um longo caminho para ir além do óbvio. É preciso, por exemplo, explicar por quê expor crianças como piada não é OK (mas eu me recuso, desculpem).

O fato é que, embora o clã Bolsonaro não tenha nenhum escrúpulo em seus ataques – como esquecer do hate na pequena Laura, filha de Manuela D’Ávila, durante a campanha de 2018? –, a escolha do vídeo das filhas de Samara Felippo não foi aleatória.

Carluxo certamente não exporia as filhas de uma atriz bolsonarista – alô, Juliana Paes! -, mas sim de uma artista que já fez topless pedindo #ForaBolsonaro. Samara Felippo se posiciona, e é por isso que suas filhas – crianças, apenas – estão sendo atacadas nas redes sociais. Isso tem um nome: ataque de cunho político.

Mesmo – muito provavelmente – sabendo disso, Samara não quer guerra com ninguém. “E tampouco quero entrar em guerra, conflito, justiça, não estou a fim. Desculpem pedir isso, mas foi a única forma que encontrei de derrubar o vídeo”, disse, em apelo para que seus seguidores denunciassem a publicação, que foi removida nesta manhã pelo Instagram após uma onda de denúncias.

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A posição de Samara Felippo diante da atitude baixa de Carlos Bolsonaro, que pode ser considerada covarde por alguns, é na verdade inteligente e também eficiente em trazer uma reflexão importantíssima em tempos de guerra cultural: os ataques da retórica do ódio bolsonarista devem ser respondidos com frieza, sem estardalhaço, sem tiros pela culatra, como quem corta um mal pela raiz antes que se espalhe.

Jogar o jogo de exposição e ódio bolsonarista significa já entrar perdendo. Vencer essa guerra implica em não dar a eles o palco de que precisam.

Neste ano difícil, nós temos muito a aprender com Samara.

Por Nathalí 

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Nathalí Macedo
Nathalí Macedo, escritora baiana com 15 anos de experiência e 3 livros publicados: As mulheres que possuo (2014), Ser adulta e outras banalidades (2017) e A tragédia política como entretenimento (2023). Doutora em crítica cultural. Escreve, pinta e borda.