São Paulo sob Bruno Covas tem o maior número de mortes por Covid em seis semanas

Atualizado em 27 de novembro de 2020 às 18:55
Bruno Covas na CBN. Foto: Reprodução/Twitter

Publicado originalmente no site da Rede Brasil Atual (RBA)

POR RODRIGO GOMES

A cidade de São Paulo registrou 135 mortes por covid-19 na semana dos dias 14 a 20 de novembro. O número é o maior registrado nas últimas seis semanas e comprova o agravamento na pandemia de coronavírus. A cidade chegou ontem a 51% de ocupação das unidades de terapia intensiva (UTI) e tem 251 pessoas intubadas devido a problemas respiratórios decorrentes da covid-19. Trata-se do maior número desde 9 de outubro. Apesar disso, o prefeito da capital paulista e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), segue minimizando a situação. “Não vamos fazer discurso alarmista em véspera eleitoral, superestimando esses dados”, disse Covas, ontem (26), em sabatina do portal UOL.

Além dos dados preocupantes das mortes por covid-19 em São Paulo, a ocupação de UTI também atinge seu maior nível em seis semanas. No dia 11 de novembro, a taxa atingiu seu menor nível desde o pico da pandemia, em junho: 33% de ocupação. Mas, desde então, tem subido continuamente e ontem chegou a 51% na cidade, taxa que é mais alta na rede privada.

Alguns hospitais municipais, no entanto, já apresentam ocupação de UTI maior, como o Hospital da Bela Vista (78%), o Hospital Dr. José Soares Hungria (63%) e o Hospital Tide Setúbal (60%). Na semana passada, já configurado o aumento nas internações, Covas disse que não ia mudar nada no processo de flexibilização da quarentena.

Maus prognósticos

Junto com o aumento das internações, o número de pessoas intubadas devido a complicações respiratórias da covid-19 também cresceu. Os dados da prefeitura registram 251 pessoas em ventilação mecânica ontem, maior número desde o dia 9 de outubro, quando havia 260 pessoas nessa situação. No total, 851 pessoas estão internadas com covid-19, sendo 486 em UTI. Esse crescimento das internações pode significar mais mortes por covid-19 em São Paulo em algumas semanas.

A RBA usou os dados de mortes do Boletim Diário Covid-19 da prefeitura de São Paulo até o último dia 20 de novembro, para reduzir distorções devido à demora entre a ocorrência e o registro de óbitos nos boletins, que apresenta alterações cotidianamente.

Dados estaduais confirmam piora

Segundo o Boletim Coronavírus, organizado pelo governo de João Doria (PSDB), a cidade de São Paulo teve um crescimento de 41,7% no número de novos casos de covid-19, nos últimos 30 dias. Na grande São Paulo, a taxa de ocupação de UTI chegou a 58% hoje (27), com o registro de 882 novas internações apenas nesta sexta-feira. É o maior número desde 27 de agosto. Em todo o estado a ocupação de UTI é de 51%.

Com esses índices, conforme os critérios do governo paulista, a grande São Paulo – incluindo a capital – deveria retroceder à fase 2-laranja, do Plano São Paulo, com o fechamento de bares, restaurantes, academias e atividades culturais, além da redução do funcionamento do comércio e dos serviços em geral.

Mesmo com todos os parâmetros comprovando o agravamento da pandemia de covid-19, a próxima reclassificação do Plano São Paulo, que coordena a flexibilização da quarentena, vai correr apenas na segunda (30), um dia após a eleição. O atraso na avaliação, determinado por Doria, faz com que as regiões paulistas fiquem 53 dias sem tomar medidas para evitar a piora na situação. O governador tucano ignorou o próprio Comitê de Contingência do Coronavírus, que recomendou na terça-feira (24) a mudança urgente de classificação das cidades.