Sem foro privilegiado, Bolsonaro passa a viver com o fantasma do assassinato de Marielle à espreita

Para escapar da justiça comum, o ex-mandatário topa até virar vereador na cidade do Rio de Janeiro

Atualizado em 30 de junho de 2023 às 13:04
Bolsonaro e Marielle
O ex-presidente Jair Bolsonaro e Marielle Franco, vereadora assassinada por milicianos no Rio de Janeiro

Na semana passada, já prevendo que teria os direitos políticos cassados, Bolsonaro disse num encontro com apoiadores que gostaria de virar vereador na cidade do Rio de Janeiro.

“Lógico que eu não quero perder meus direitos políticos. Até eu falei outro dia, né: estou pensando em ser candidato a vereador no Rio de Janeiro. Qual o problema? Não há demérito nenhum. Até vou me sentir jovem, porque geralmente a vereança é para a garotada, para os mais jovens, é o primeiro degrau da política. Em 2026, se estiver vivo até lá, e também elegível, se essa for a vontade do povo, a gente vai. Disputo novamente a presidência”, discursou num evento do PL na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (Alers).

Bobo não é. Sabe o que fez no verão passado. Sabe também que um fantasma vive à espreita. E que esse fantasma tem nome e sobrenome: Marielle Franco.

O assassinato da vereadora do PSOL, em março de 2018, além de chocar o mundo, despertou uma série de questionamentos sobre sua motivação e seus responsáveis.

Durante as investigações, surgiram especulações e acusações sobre o possível envolvimento da família no caso – e esse é um assunto que tira o ex-capitão do sério.

No decorrer das investigações, diversas acusações foram feitas, sugerindo um possível envolvimento deles no episódio. Baseiam-se em conexões entre o policial militar reformado Ronnie Lessa, um dos acusados, e que está preso, e membros do clã.

A suspeita foi intensamente explorada pela mídia e pela oposição, levando a um aumento da pressão por respostas e esclarecimentos.

Ronnie Lessa, apontado como um dos autores dos disparos, tem vínculos pessoais os bolsonaros. Tem casa no mesmo condomínio onde o ex-capitão morava na época do crime.

Registros de visitas indicaram que ele teria ido à residência do ex-presidente no dia do assassinato. São detalhes que levantam suspeitas e tiram o sono da família.

Até agora não foram apresentadas provas concretas que estabeleçam ligação entre a família do ex-presidente e o assassinato da vereadora. Mas as investigações ainda estão em andamento.

As suspeitas alimentam a polarização, intensificando os embates entre apoiadores e críticos de Jair.

Elas também geram questionamentos sobre a transparência das investigações e a independência do sistema judicial, ampliando a desconfiança em relação às instituições e dando margem às interpretações de que a perda do foro privilegiado pode estar levando o pânico para dentro da casa do ex-capitão.

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