Silvio Almeida comenta assassinato de congolês: “Canalha vai dizer que não foi racismo”

Moïse Kabamgabe foi espancado até a morte na Barra da Tijuca

Atualizado em 1 de fevereiro de 2022 às 19:25
Moiïse usando um terno preto, posando de forma séria para a câmera. Ele tem cabelos curtos e pele negra.
Foto: Reprodução / Redes sociais

O filósofo e PhD em Direito Silvio Almeida foi às redes sociais, nesta terça-feira (01), comentar o caso congolês Moïse Kabamgabe, espancado até a morte na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, na semana passada.

“Um homem negro foi assassinado quando reivindicava direitos trabalhistas e ainda há quem negue que racismo seja relação de poder e que tenha profundos laços com a economia. Certamente aparecerá algum inocente ou canalha (ou os dois) para dizer que ‘não foi racismo’, enfatizou no início de uma nota.

Ele ainda pediu que “além da exemplar punição dos assassinos de Moïse Kabagambe, exige-se que o MPT no Rio investigue as condições de trabalho em estabelecimentos de mesma natureza”. Confira a nota na íntegra abaixo.

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Silvio Almeida sobre assassinato de congolês

Um homem negro foi assassinado quando reivindicava direitos trabalhistas e ainda há quem negue que racismo seja relação de poder e que tenha profundos laços com a economia. Certamente aparecerá algum inocente ou canalha (ou os dois) para dizer que “não foi racismo”.

Por isso, alguns insistem em reduzir a definição de racismo à “intencionalidade”, amputando a dimensão política do conceito. Nesses casos a solução é sempre individual, e nenhuma mudança institucional mais profunda é exigida. Então é possível ser um “antirracista inofensivo”.

Olhar o racismo do prisma individualista é tentador porque, além de mais simples e quase intuitivo, permite rapida identificação uma causa ou um “culpado”. As soluções também parecem mais fáceis: educação ou judicialização. São medidas circunstancialmente necessárias, mas que equivalem a enxugar o chão com a torneira aberta. Entretanto, se o racismo for entendido de forma complexa, a “luta por direitos” e a “educação antirracista” tornam-se apenas duas táticas no interior de multiplas estratégias que o combate ao racismo deve mobilizar.

Por isso, além da exemplar punição dos assassinos de Moise Kabagambe, exige-se que o @MPTRJOficial investigue as condições de trabalho em estabelecimentos de mesma natureza. A situação de Moise não é singular e só medidas amplas podem se opor de forma eficiente a essa barbárie.

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