Arthur do Val, o Mamãe Falei, abriu a porta do inferno com declarações estapafúrdias. Por Victor Dias

Atualizado em 1 de julho de 2022 às 19:49
“Mamãe Falei” x “Boca Aberta” – Foto: Reprodução

Por Victor Dias

Arthur do Val, um dos líderes do MBL durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, protagonizou uma cena – não tão polêmica – que viralizou nas redes sociais nesta semana.

O “Mamãe Falei”, como é chamado por expor ideias em vídeos que faz na rua, saiu na porrada com o ex-deputado cassado pelo TSE Emerson Miguel Petriv, conhecido como “Boca Aberta”.

Enfatizo a rasteira tomada por do Val, que teve o mandato cassado assim como seu desafeto, publicado AQUI no DCM. A briga aconteceu em Londrina, onde o youtuber estava, juntamente com outros do MBL, fazendo gravações para seu canal.

No entanto, essa não foi a primeira vez que “Mamãe Falei”, que ostenta um histórico de polêmicas, virou o centro de controvérsias e o alvo de diversos cancelamentos por conta de tretas. A porta do inferno já estava aberta para o deputado eleito com o apoio de quase 500 mil paulistas há muito tempo. Talvez, desde que ajudou na ascensão do bolsonarismo em 2018.

Trago aqui as principais richas, denúncias e declarações estapafúrdias do exemplo de “cidadão de bem”, que se autodeclara liberal e faz de tudo para lacrar nas redes sociais. Confira:

Assédio

Em 2016, o youtuber tentava entrar em ocupações escolares. Ele queria cobrir onda nacional de reinvindicações de secundaristas. Por entrevistar menores, ele recebeu uma onda de críticas e ameaças de processos. Nesse período, do Val tentou invadir o Colégio Estadual do Paraná.

O resultado? Uma investigação, na Delegacia da Mulher, por atentado violento ao pudor. A autora do registro de ocorrência foi uma jovem de 17 anos, filmada sem autorização na escada da escola.

Motivo de suicídio?

Ainda em 2016, do Val ganhou destaque no caso da morte de Plinio Zalewski, que era coordenador de campanha de Sebastião Melo, do MDB. Semanas antes da morte, o youtuber divulgou um vídeo em que acusou Plinio Zalewski de ser funcionário fantasma da Assembleia Estadual Legislativa.

Após a divulgação do conteúdo, Zalewski solicitou sua exoneração do cargo comissionado e, semanas depois, foi encontrado morto na sede do PMDB junto com uma carta de despedida. Na época, pessoas próximas do coordenador afirmaram que a agressividade do vídeo de Arthur poderia ter sido uma motivação para suicídio do funcionário.

‘Mamãe Falei’ x Ciro Gomes

Em 2018, “Mamãe Falei” anunciou uma pancadaria com Ciro Gomes, então candidato a presidente. Na ocasião, ele acusou Ciro de ter lhe agredido durante a gravação de um vídeo após zombar do ex-casamento do pedetista. Segundo Do Val, Gomes batido em sua cabeça. Ciro negou agressões.

Fogo amigo

Eleito pelo DEM, do Val durou pouco no partido. Em novembro de 2019, ele foi expulso da sigla, por decisão do diretório estadual de São Paulo, que considerou seus atos “incompatíveis com as deliberações do partido”. Na época, o deputado vinha criticando publicamente outros membros da sigla.

Menos de um mês após a expulsão, ele protagonizou uma briga com deputados PT, após chamá-los de “vagabundos”. Os sindicalistas partiram pra cima dele após as ofensas dentro do plenário durante uma sessão de votação da Reforma da Previdência.

Do Val também participou de outra briga no plenário. Dessa vez envolvendo o deputado bolonarista Gil Diniz, durante um protesto de apoiadores do presidente na Casa. Na ocasião, ele sacou o celular para filmar a manifestação do grupo e fazer provocações, segundo Diniz, que tentou tirar o celular da mão do colega.

“Cafetão da miséria”

Em 2020, “Mamãe Falei” se candidatou a prefeito de São Paulo pelo Patriotas. Durante a campanha, ele protagonizou um bate-boca com o Padre Júlio Lancellot. “Mamãe Falei” o chamou de “uma das maiores farsas da história de São Paulo”. Em vídeos, chegou a acusar Lancelloti de pedofilia. Chegou a chamar o pároco de “cafetão da miséria” nas redes sociais.

Mai uma vez, e o resultado? Ele foi condenado pela Justiça Eleitoral, após representação do Ministério Público. A Justiça entendeu que o deputado realizou propaganda eleitoral antecipada e vedada e que praticou calúnia, difamação e injúria.

Advertência do Conselho de Ética

No começo deste ano, o Conselho de Ética da Alesp decidiu advertir Arthur do Val por quebra de decoro parlamentar no processo em que um assessor parlamentar dele assinou o ponto sem trabalhar.

Ao decidir pela punição do ex-parlamentar, o relator afirmou que a advertência era uma medida disciplinar “com o intuito de evitar que tal conduta se repita nesta Casa de Lei”.

Áudios contra mulheres ucranianas

O auge dos problemas de “Mamãe Falei” começou em março. Áudio pessoais dele vazaram para a imprensa durante uma viagem dele para a Ucrânia, em uma “missão humanitária” do MBL.

Nos áudios, ele dizia que as mulheres refugiadas ucranianas são “fáceis, porque são pobres”. 21 representações contra ele foram abertas no Conselho de Ética da Alesp pedindo sua cassação após as declarações sexistas.

Antes que o projeto de resolução pedindo a cassação dele fosse votado, do Val renunciou ao cargo se dizendo “vítima de um processo injusto e arbitrário”.

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