TV Cultura apaga documentário sobre a extrema direita após pressão de bolsonaristas

Atualizado em 11 de abril de 2023 às 15:58
Documentário crítico à extrema direita foi excluído pela TV Cultura após pressão de bolsonaristas. Foto: Reprodução

A TV Cultura excluiu o documentário “O Autoritarismo está no ar – 3 anos depois” de seu canal do YouTube após pressão do deputado federal Eduardo Bolsonaro e seus aliados. A obra era crítica à extrema direita e apresentava os riscos da ideologia para e democracia do Brasil e do mundo. A informação é do jornal O Globo.

A nova versão do documentário incluía os ataques terroristas de 8 de janeiro. A emissora é vinculada ao governo de São Paulo, por meio da Fundação Padre Anchieta, e é custeada com verbas do estado e recursos próprios obtidos com a iniciativa privada. O canal está sob o guarda-chuva da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.

A obra foi exibida no dia 23 de março e irritou bolsonaristas. Eduardo levou as reclamações ao governo de Tarcísio de Freitas, argumentando que a EBC não transmitiria um documentário crítico ao MST.

Após a crítica do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi chefe de Tarcísio durante sua gestão, a TV Cultura suspendeu a exibição do documentário, que seria feita novamente na primeira semana de abril. Um funcionário do canal afirmou que a decisão é uma “censura clara” e que a retirada do conteúdo é uma prática “nada comum”.

A secretária de Cultura Marília Marton e o governador de SP Tarcísio de Freitas. Foto: Reprodução

O documentário fez com que a ofensiva contra Marília Marton, secretária de Cultura, aumentasse. Ela se declara de direita e foi responsável por reunião com o Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta, mas nega ter tratado do assunto na ocasião.

Ela alega que não gostou do documentário e questionou se a produção deste tipo de obra seria papel de uma emissora pública. Marília também negou ter pressionado a cúpula da emissora para apagar o vídeo e diz não ter sofrido qualquer tipo de pressão.

“A minha pergunta, enquanto secretária da Cultura e membro do Conselho, é: aquele documentário tem interesse público? Eu assisti ao documentário e particularmente achei que, se ele fosse muito bom, estaria no Netflix. Mal escrito, mal roteirizado, mal filmado”, argumenta.

A secretária também reclamou da associação entre os terroristas e a extrema direita. Ela sugeriu que o ataque pode ter contado com infiltrados.

“A gente não pode dizer que aquilo era só pessoas da direita. Será que ali não tinham pessoas que nem sabiam o que estava acontecendo? É uma ação de pessoas loucas, que não tem a ver com uma ideologia de direita”, completou.

Bolsonaristas ligados à gestão de Tarcísio disseram que José Roberto Maluf, presidente da fundação, e Eneas Carlos Pereira, diretor de programação da emissora, estão na mira de aliados de Eduardo, mas ainda não houve qualquer mudança na diretoria.

O cargo de Marília é cobiçado por Mário Frias, ex-secretário de Cultura do governo Bolsonaro. Ele quer indicar o sucessor da atual titular da pasta e já tentou emplacar uma indicação durante a transição, que foi negada por Tarcísio.

Bolsonaristas do governo de São Paulo defendem que a emissora dê mais espaço à visão da gestão Tarcísio, mais à direita, e que inclua quadros demitidos da Jovem Pan, como Adrilles Jorge e Augusto Nunes.

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