O movimento pró-Bolsonaro do ex-juiz e senador eleito pelo Paraná Sergio Moro, que estava rompido com o presidente, e o uso da Operação Lava Jato nas eleições, desencadeou uma insatisfação entre juízes e procuradores, de acordo com o Estadão.
Diferente do passado, as críticas não ficaram restritas apenas aos antigos questionadores da Lava Jato, nem aos apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT. Dessa vez, trata-se de uma onda de autocrítica entre membros da magistratura e do Ministério Público Federal que apoiaram a operação, e até mesmo que atuaram em casos a ela conexos.
Antigos colegas de Moro e Deltan Dallagnol passaram a defender quarentena para integrantes das carreiras jurídicas e até pedido de desculpas formal ao ex-presidente petista. A insatisfação deles se dá pelos efeitos que a politização de agentes como o ex-juiz e Dallagnol, eleito deputado federal também pelo Paraná, podem ter nos autos de processos que deixaram para trás ao usar politicamente as investigações.
Diante disso, o grupo em questão tem medo que essa atuação política provoque um estrago ainda maior e dê ensejo a questionamentos dos investigados, uma vez que a Lava Jato enfrenta uma série de anulações impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Um deles é Anselmo Cordeiro Lopes, ex-coordenador da extinta força-tarefa Greenfield, que mirou escândalos de corrupção e desvios em fundos de pensão e na Caixa Econômica. Diferente de Moro e Dallagnol, ele não quer falar sobre os autos de seus processos e ainda afirma que uso eleitoral das investigações é “inapropriado” e que a “falta de imparcialidade de Moro” acabou com a Lava Jato.
“Quando Moro jogou a imagem de imparcialidade às favas, a credibilidade da Lava Jato e das instituições federais de combate à corrupção ruiu de forma irreversível – o dano ao legado da Lava Jato é permanente”, diz.