“Vai pro barro”: militares acreditam que Cid será expulso do Exército

Atualizado em 19 de agosto de 2023 às 7:29
Mauro Cid fazendo careta, vestindo farda militar
Tenente-coronel Mauro Cid durante depoimento na CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro. Foto: Lula Marques

Para membros do Exército, é certeza que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), será punido, sendo expulso e perdendo sua patente. Ou, em gíria comum nas Forças Armadas (FA) para indicar a iminência de penalidades militares, é certo de que ele “vai pro barro”.

Ele está detido há três meses e meio em um batalhão da Polícia do Exército em Brasília, enfrentando acusações que incluem a falsificação de cartões de vacinação de Bolsonaro e familiares, mas desde sua prisão, também passou a ser investigado por suspeita de crimes como o envolvimento no vazamento de dados sigilosos sobre a urna eletrônica e os ataques golpistas de 8 de janeiro.

A situação de Cid se complicou ainda mais na semana passada, quando uma operação da Polícia Federal revelou novos detalhes sobre seu envolvimento e o de seu pai, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, na venda de joias presenteadas ao governo brasileiro e desviadas do acervo presidencial.

Cezar Bittencourt, o novo advogado de Cid, alegou que seu cliente estava apenas cumprindo ordens de Bolsonaro, embora essa afirmação tenha oscilado desde que ele assumiu o caso na semana passada.

Militares da ativa e da reserva, que falaram sob condição de anonimato à Folha de S.Paulo, concordam que a expulsão de Cid do Exército é quase certa. A opinião comum é de que Cid, anteriormente considerado um excelente militar, teria perdido o foco de suas funções como ajudante de ordens e se envolvido em atividades inadequadas.

A situação de Cid é vista como “contra-azimute,” uma expressão militar que denota desorientação. Membros das FA ouvidos também sugeriram que outros fardados envolvidos em atividades ilícitas ou nos ataques de 8 de janeiro enfrentarão consequências semelhantes.

Jair Bolsonaro e Mauro Cid. Foto: Reprodução

Segundo a legislação do Exército, a expulsão de Cid e outros militares somente ocorrerá após esgotarem os processos na Justiça comum. Especificamente no caso de Cid, ele não está sujeito a inquéritos militares.

Em caso de condenação, ele enfrentará um tribunal militar de primeira instância chamado Conselho de Justificação, que analisará se ele agiu incorretamente em suas funções. Se condenado nesta instância, a sentença será posteriormente submetida ao Superior Tribunal Militar (STM).

Embora membros das Forças Armadas tenham apoiado fortemente Bolsonaro em suas campanhas presidenciais, a queda de Cid e outros colegas de farda está levando alguns militares a repensarem o apoio ao governo. No entanto, uma divisão persiste entre aqueles que defendem os militares envolvidos e aqueles que acreditam que eles devem enfrentar as consequências de suas ações.

A defesa de Cid argumenta que ele estava apenas seguindo ordens superiores, mas a lei militar especifica que ordens que envolvem a prática de atos manifestamente criminosos não são justificativas válidas.

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