A mando (não oficial) do presidente da Câmara, Milton Leite, e do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, os vereadores Fernando Holiday (Novo) e Rubinho Nunes (União Brasil) causaram tumulto na audiência pública para debater a ‘tarifa zero’ nos transportes de São Paulo, nesta segunda, 27.
Holiday abriu a sessão chamando Guilherme Boulos, presente no encontro, de ex-desocupado.
“Bem vindo ao mundo do trabalho”, disse, referindo-se ao fato do parlamentar do PSOL ter assumido uma vaga de deputado federal neste ano.
Não satisfeito, chamou o público que estava na plateia de vagabundos, alegando que a grande maioria não utiliza transporte coletivo, e que por isso não jusfitica levantarem a bandeira do transporte gratuíto de forma indiscriminada na principal cidade do país.
A trolagem continuou com Rubinho Nunes, do União Brasil, outro representane da tropa de choque do governo incumbido de tumultuar a reunião.
Com essa atitude, os dois parlamentares conseguiram dispersar a atenção dos participantes e desmobilizar os primeiros momentos do encontro.
“O objetivo deles é causar confusão, mas não dá pra saber ao certo em nome de quem”, diz Antônio Sampaio Amaral, membro do Conselho Municipal de Transportes e Trânsido e que participou da audiência.
“Fazem um contraponto político, não técnico, para desmerecer a reunião, e depois dizer que teve pouco significado porque ali só havia vagabundo. É o jeito fascista de agir na política, evitando o tema central para desqualificar”.
Tirando o circo fascista, a audiência mostrou a omissão da administração quanto aos estudos para a implantação da tarifa zero.
A secretaria municipal dos Transportes não participou nem mandou representante.
A constatação geral é de que, se os os estudos não começarem agora, dificilmente São Paulo conseguirá implantar o programa num prazo menor que um ano e meio.
Com tanta desinformação, há quem acredite que o prefeito Ricardo Nunes pode estar criando uma arapuca para seu sucessor: como não dispõe de estudos efitivos para a implantação do novo modelo, tampouco articulação com o governo do Estado para envolver o sistema de metrô e trêns no programa, pode correr com a implantação, bancar os primeiros meses e largar a bucha para o sucessor.
“Seria uma grande irresponsabilidade, mas a essa altura do campeonato tudo é possível”, diz o Conselheiro do CMTT.
A ‘tarifa zero’ é uma bandeira do PSOL que a prefeitura decidiu adotar como golpe de marketing imaginando a eleição de 2024, quando Ricardo Nunes vai tentar a reeleição.
A contradição é tanta que Bruno Covas, morto no início do mandato, cedendo a vaga a Nunes, liderou o movimento que acabou com a gratuidade aos maiores de 60 anos, elevando a idade para 65.
Milton Leite, presidente da Câmara e mandachuva da prefeitura, é quem defende a tarifa zero a toque de caixa. Primeiro por suas fortes relações com perueiros da zona Sul e empredários dos Transportes, chamados de Barões da Catraca, e que fizeram riqueza bancados pelos subsídios públicos ao sistema.
O custo do transporte municipal para 2023 é de R$ 12 bihões – desses, R$ 7 bilhões são bancados pela prefeitura.
O município dispõe de R$ 35 bilhões em caixa – recursos que não foram gastos no orçamento do ano passado e que Ricardo Nunes espera desovar para ludibriar os eleitores na reta final do seu governo.
Na área dos Transportes a estratégia não está funcionando e por isso está em vias de ser abortada.
O PSOL tomou conta desta pauta e já conseguiu criar uma subcomissão para tratar o tema na Comissão de Finanças.
Se a tarifa zero vingar, dificilmente a população vai deixar de reconhecer quem é o verdadeiro pai da criança.
— Jose Cássio (@josecassio) February 28, 2023