“Viúva” de “segundo irmão” de Bolsonaro recebeu R$ 4,6 milhões em pensões do Exército

Atualizado em 2 de julho de 2023 às 8:10
Ailton Gonçalves Moraes Barros e Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução

O Exército Brasileiro pagou pensões no valor total de R$ 4,6 milhões à ex-esposa de Ailton Gonçalves Moraes Barros, após sua expulsão da corporação. O ex-major, e próximo de Jair Bolsonaro (PL), foi preso sob suspeita de envolvimento em um esquema de falsificação de cartões de vacinação contra a Covid-19, que teria beneficiado o ex-presidente em maio de 2023.

Os pagamentos aconteceram entre abril de 2009 e abril deste ano. Foram 14 anos de pensões à “suposta viúva”, pois, curiosamente, Ailton é considerado “morto ficto” nos registros das Forças Armadas, o que permite que Marinalva receba a pensão mesmo com ele estando vivo.

Embora Marinalva tenha afirmado que não é mais casada com o bolsonarista, ela continua sendo a beneficiária da pensão do ex-major, segundo o Portal da Transparência do governo federal.

O valor mensal da pensão é de R$ 22,8 mil brutos, correspondendo a R$ 14 mil líquidos. A pensão foi instituída em outubro de 2008, mas o primeiro pagamento foi realizado apenas em abril do ano seguinte.

Ailton Barros foi expulso do Exército em 2006 após ser condenado pela Justiça Militar por jogar seu carro contra dois militares. Durante o processo de desligamento, ele foi promovido a major. Apesar de seu vínculo com Bolsonaro, o ex-major não conseguiu se eleger como deputado pelo PL nas eleições de 2022.

Ailton Barros e Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução

A peculiaridade de herdeiros receberem pensões de ex-militares vivos se deve a uma lei de 1960, que foi mantida na última reforma previdenciária. Essa lei garante o benefício de pensão a militares expulsos que continuam vivos, mesmo que uma porcentagem mensal seja descontada de seus salários para que seus herdeiros recebam a pensão após sua morte.

Em nota, a Força justificou que: “Após a exclusão das fileiras do Exército, o ex-militar [Ailton Barros] foi incluído no sistema como ‘morto ficto’ para que seus beneficiários legais (no caso a esposa) pudessem receber a pensão correspondente ao posto, cumprindo o previsto na legislação vigente”.

Além de responder pelas fraudes nos registros de vacinação, Ailton poderá ser investigado pelas ações golpistas, pois escreveu para Cid, em 15 de dezembro de 2022, que o Bolsonaro deveria se manifestar “para levantar a moral da tropa”.

Mas a mensagem mais reveladora encontrada na conversa entre os bolsonaristas presos aconteceu no dia 30 de novembro de 2021, quando o ex-militar contou conhecer detalhes do crime que assassinou a ex-vereadora Marielle Franco: “Eu sei dessa história da Marielle toda, irmão. Sei quem mandou [matar]. Sei a porra toda. Entendeu? Está de bucha nessa parada aí”.

Ailton também já foi chamado pelo ex-presidente de “segundo irmão“.Em sua passagem pelo Exército, ele esteve lotado no 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista, em Deodoro, na qual Bolsonaro atuou na década de 1980.

Recentemente, foi divulgado pela imprensa um áudio no qual o ex-presidente dizia: “Ailton, você sabe, você é um velho colega meu, paraquedista. Tu é meu segundo irmão, né? Primeiro é o Hélio Negão, depois é você. Tu sabe do carinho que tenho contigo, da nossa amizade”.

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