Xi Jinping afirma que há uma “repressão ocidental” contra a China, liderada pelos EUA

Atualizado em 7 de março de 2023 às 16:03
O presidente chinês, Xi Jinping, durante a sessão do Congresso Nacional do Povo da China, nesta terça-feira (7), em Pequim
Foto: AP – Ng Han Guan

O presidente chinês, Xi Jinping, criticou nesta terça-feira (6) a “repressão” ocidental contra a China, estimulada, segundo ele, pelos Estados Unidos. O líder pediu ao setor privado da China mais inovações para que o país seja menos dependente do exterior.

As ambições de Pequim para desenvolver tecnologia de ponta esbarram em restrições cada vez maiores de Washington e seus aliados, o que leva as empresas chinesas a redobrar os esforços para superar a necessidade de importações cruciais.

China e Estados Unidos travam há meses uma batalha acirrada pela fabricação de semicondutores – componentes eletrônicos indispensáveis para o funcionamento dos smartphones, veículos conectados ou equipamentos militares.

Em nome da segurança nacional, Washington multiplicou, nos últimos meses, as sanções contra os fabricantes de chips chineses, que agora não podem obter tecnologia americana.

“Os fatores incertos e imprevisíveis aumentaram consideravelmente para a China”, declarou Xi Jinping na sessão legislativa anual em Pequim, de acordo com uma publicação da agência estatal Xinhua.

“Países ocidentais liderados pelos Estados Unidos iniciaram uma política de contenção, cerco e repressão contra a China, que provocou severos desafios, sem precedentes, para o desenvolvimento do nosso país”, acrescentou o presidente de 69 anos, que deve obter um terceiro mandato em breve.

“Diante das mudanças profundas e complexas, tanto ao nível internacional como na China, devemos permanecer tranquilos, concentrados, atuar de forma proativa, demonstrar unidade e ousar lutar pelo sucesso”, disse Xi. As empresas privadas “devem tomar a iniciativa e seguir o caminho de um desenvolvimento de qualidade”, afirmou.

Xi também pediu o reforço da independência da China “com a construção de um setor industrial forte”. “Um grande país de 1,4 bilhão de habitantes deve confiar apenas em si mesmo nesta questão porque os mercados internacionais não podem nos proteger”, insistiu.

Suspeita de espionagem

As disputas entre Pequim e Washington aumentaram nos últimos anos sobre questões como Taiwan, a soberania no Mar da China Meridional, o desequilíbrio da balança comercial ou o tratamento da minoria muçulmana uigur. As relações ficaram ainda mais tensas em fevereiro, quando o governo dos Estados Unidos derrubou um balão chinês que afirmou ser usado para espionagem, o que a China nega.

O incidente levou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, a adiar uma visita diplomática a Pequim, onde pretendia abordar uma série de temas importantes.

Questionado nesta terça-feira durante uma entrevista coletiva, o ministro chinês das Relações Exteriores, Qin Gang, lamentou o estado atual das relações China-EUA. O chanceler defendeu que as relações entre as duas potências deveriam ser baseadas no “interesse comum e amizade, e não na política interna americana e esta espécie de neomacartismo histérico”, em referência à caça às bruxas contra o comunismo da década de 1950 nos Estados Unidos.

Qin, que foi embaixador em Washington, também lamentou as recentes acusações de alguns países ocidentais – sem provas, segundo ele – de que a China pretende fornecer armas à Rússia para a guerra na Ucrânia. O ministro disse ainda que a China não está “na origem nem é parte da crise e não forneceu armas a nenhuma das partes”, ao mesmo tempo que pediu negociações de paz “o mais rápido possível”.

Em fevereiro, Pequim apresentou um documento de 12 pontos que classificou de solução política ao conflito. O texto pede o respeito à integridade territorial de todos os países e faz um apelo por diálogo. No entanto, a iniciativa foi vista com ceticismo por parte dos países ocidentais, já que a China, importante aliada de Moscou, nunca condenou a invasão russa.

Na entrevista, Qin Gang ressaltou que a China não está na origem da crise e “não forneceu armas a nenhuma das partes”. O diplomata também fez um apelo em prol de negociações de paz entre os dois países “desde que possível”. Segundo ele, a relação entre Pequim e Moscou não constitui “nenhuma ameaça a qualquer país no mundo”.

(Com informações da AFP)

Publicado na RFI
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