Nenhuma figura do governo é tão patética quanto o astronauta Marcos Pontes. Por Luis Felipe Miguel

Atualizado em 9 de outubro de 2021 às 12:40
O ministro astronauta Marcos Pontes
O ministro astronauta Marcos Pontes. Foto: Divulgação

Publicado originalmente no Facebook do autor:

Por Luis Felipe Miguel

O governo Bolsonaro está cheio de bandidos (como Milton Ribeiro e Guedes), de fanáticos (como Damares e Guedes), de incompetentes (como Heleno e Guedes), de oportunistas (como Queiroga e Guedes).

Mas nenhuma figura é tão patética quanto o astronauta.

Lançado ao espaço sem saber como nem por quê, sorriso bobão sempre afixado no rosto, não encontrou melhor destino para a súbita notoriedade do que se envolver num esquema vagamente estelionatário de venda de travesseiros.

E depois encontrou outra serventia como ministro do governo de destruição nacional.

A cargo de um ministério fantasma.

Nenhum cientista digno do nome aceitaria ser ministro de um governo que não esconde seu desprezo – mais do que desprezo, ódio – à ciência.

1 – Ministro astronauta reclama de cortes na Ciência e diz que pode faltar dinheiro para bolsas

2 – Allan dos Santos incentivou Bolsonaro a dar golpe, diz PF

3 – Com Lula, Haddad cresce e vira nome forte para o governo de SP

Marcos Pontes só se destaca no nível mental do bolsonarista médio

O astronauta, claro, não é cientista. É astronauta. O fato dele ter sido lançado ao espaço a bordo de uma nave estadunidense só conta como façanha científica no nível mental do bolsonarista médio.

Agora, o ministério que ele pretensamente dirige perdeu 92% do orçamento – um orçamento já muito minguado, diga-se de passagem. Como apontou Helena Nader, para a ciência tinham sobrado migalhas e “decidiram levar embora até as migalhas”.

O que faz o astronauta? Diz que foi “pego de surpresa” e ficou “muito chateado”.

Mas continua no cargo, com o argumento de que “tem que aguentar pelo bem da ciência”.

Que bem? Que ciência?

O único bem que Marcos Pontes poderia fazer à ciência brasileira seria denunciar o esvaziamento final de seu ministério, renunciando ao cargo como um gesto político.

Mostraria, de quebra, que tem algum amor próprio. Qual ministro aceita que cortem toda a verba de sua pasta sem nem ser comunicado do fato?

Se renunciasse, ele ganharia o direito de se olhar no espelho. E talvez até de, à noite, repousar em paz sua cabeça num travesseiro “da NASA”.

Mas não. Continua lá, com seu sorriso bobão, cumprindo o único papel que o governo espera dele, que é exatamente não incomodar.