A deputada do Partido Socialista Maya Fernández Allende foi nomeada a nova ministra da Defesa do gabinete do presidente eleito no Chile, Gabriel Boric.
Ela nasceu em 1971, apenas dois anos antes do golpe contra seu avô, o ex-presidente Salvador Allende. “Agora cabe a todos nós trabalharmos para tornar a vida em nosso país cada vez mais justa”, disse após a nomeação.
É filha da médica Beatriz Allende Bussi e do diplomata cubano Luis Fernández Oña. A nova ministra da Defesa viveu as primeiras décadas de sua vida no exílio em Cuba. Com o retorno à democracia em seu país natal, estudou Biologia. Depois Medicina Veterinária na Universidade do Chile. E, em 1992, ingressou no Partido Socialista, com o qual seu avô materno chegou à presidência há 20 anos.
Em 2002, trabalhou no Serviço Nacional de Agricultura, entre 2006 e 2012 integrou a Diretoria de Relações Econômicas Internacionais (DIRECON) como responsável pelas questões sanitárias dos tratados e acordos comerciais assinados pelo Chile.
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A deputada também foi voluntária do Corpo de Bombeiros e posteriormente integrou sua comissão no parlamento. Em 2013, foi eleita pelo Partido Socialista e em 2017 foi reeleita deputada pelo Distrito 10, que inclui a região metropolitana de Santiago. Presidiu a Câmara Baixa e a Comissão de Defesa, onde trabalhou na aproximação com as Forças Armadas.
Foi uma das primeiras figuras do Partido Socialista a defender uma guinada à esquerda na formação política, e também apostou numa aproximação do PS com a Frente Ampla.
A nomeação de Maya Fernández Allende para o Ministério da Defesa tem um valor simbólico para o Chile, onde os constituintes estão trabalhando em uma nova Carta Magna para substituir a imposta após 11 de setembro de 1973, quando as Forças Armadas chilenas com Augusto Pinochet à frente bombardearam o Palácio de La Moneda onde esteve o então presidente Salvador Allende e consumaram um sangrento golpe de estado.
Em seu novo cargo de ministra da Defesa, a partir de 11 de março, a neta de Allende estará à frente dos três ramos das Forças Armadas chilenas.
(Texto originalmente publicado em PÁGINA 12)
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