Associação Brasileira de Imprensa repudia agressão a jornalistas e crítica Bolsonaro: “Envergonha o Brasil”

Atualizado em 1 de novembro de 2021 às 9:00
O passeio de Bolsonaro em que jornalistas foram agredidos
Jair Bolsonaro em passeio na Itália. Foto: Reprodução

Após jornalistas serem agredidos enquanto cobriam a viagem de Jair Bolsonaro, a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) emitiu nota. No documento, a entidade diz que o presidente “mais uma vez envergonha o Brasil”.

Para a associação, Bolsonaro “age como um troglodita, hostilizando e estimulando agressões a jornalistas que lhe fazem perguntas corriqueiras”. A ABI ainda critica o fato de o presidente não se solidarizar com os profissionais agredidos.

“O senhor e os demais membros de sua comitiva, aí incluídos representantes do Itamaraty, foram incapazes de uma palavra de desculpa aos profissionais que estavam apenas trabalhando. Ao contrário, continuaram hostilizando os jornalistas brasileiros”.

“Com o seu comportamento avesso à democracia e com ataques constantes à imprensa e ao trabalho dos jornalistas, o senhor estimula essas agressões. Assim, torna-se também responsável por elas”, prossegue a nota.

Neste domingo (31), três jornalistas relataram terem sido agredidos na cobertura de ato a favor do presidente em Roma. No total, havia sete repórteres no local.

Leonardo Monteiro, da TV Globo, disse que após ter feito perguntas, um segurança italiano deu um soco em sua barriga e o imobilizou. Jamil Chade, do UOL, teve seu celular tomado pelo mesmo segurança. Ana Estela, da Folha de S. Paulo, foi empurrada por outro policial italiano.

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Leia a nota da ABI em defesa dos jornalistas na íntegra:

Mais uma vez o senhor envergonha o Brasil, presidente.

Repudiado por governantes do mundo inteiro, em cada evento de chefes de Estado o senhor mostra que o País foi relegado a uma situação de um pária na comunidade internacional.

Na reunião do G-20 neste fim de semana, mais uma vez, o senhor foi obrigado a ficar pelos cantos, como aqueles convidados indesejados a quem ninguém dá atenção.

Como reação, age como um troglodita, hostilizando e estimulando agressões a jornalistas que lhe fazem perguntas corriqueiras.

É de dar vergonha.

Na cerimônia de abertura do evento do G-20, no sábado, o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, cumprimentou os chefes de Estado e de governo com um aperto de mão, mas o evitou claramente, fato devidamente registrado pela imprensa italiana. Não quis ser fotografado ao seu lado.

Mas as coisas não ficaram por aí.

Percebendo que era quase um penetra na festa, o senhor preferiu não aparecer para a foto oficial com os estadistas do mundo inteiro. Sentiu a rejeição generalizada.

Tampouco sentiu-se à vontade para participar do passeio organizado pelo governo italiano para os líderes do G20, que tiraram fotos jogando moedas na Fontana di Trevi, tradicional ponto turístico de Roma.

Mas o vexame e a vergonha foram maiores. Não pararam por aí.

Seus seguranças agrediram jornalistas brasileiros e roubaram seus equipamentos em represália a perguntas simples sobre as razões pelas quais o senhor não cumpriria a agenda comum aos demais chefes de Estado.

Repórteres da TV Globo e do jornal “Folha de S. Paulo” e um colunista do Uol foram à delegacia de polícia formalizar queixa das agressões praticadas por seus seguranças. Foi, talvez, um acontecimento inédito.

Mesmo assim, o senhor e os demais membros de sua comitiva, aí incluídos representantes do Itamaraty, foram incapazes de uma palavra de desculpa aos profissionais que estavam apenas trabalhando. Ao contrário, continuaram hostilizando os jornalistas brasileiros.

A ABI mais uma vez faz o registro: com o seu comportamento avesso à democracia e com ataques constantes à imprensa e ao trabalho dos jornalistas, o senhor estimula essas agressões. Assim, torna-se também responsável por elas.

E, como numa bola de neve, elas só aumentam seu isolamento e o repúdio que o senhor recebe da comunidade internacional.

Pior, o isolamento não é só seu. Atinge e envergonha o país que o senhor representa.

O senhor está tornando o Brasil um pária na comunidade internacional, presidente.

Tenha compostura.

Paulo Jeronimo, Presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)

 

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