Agente da contraespionagem denuncia abusos do Pegasus e de apps espiões

App era usado para espionar jornalistas, militantes, opositores, ministros e chefes de Estado

Atualizado em 24 de janeiro de 2022 às 14:57
Prédio que abriga o grupo israelense NSO, dono do sistema Pegasus, em Herzliya, perto de Tel Aviv
Prédio que abriga o grupo israelense NSO, dono do sistema Pegasus, em Herzliya, perto de Tel Aviv. Imagem: Jack Guez/AFP

O francês Guilhem Giraud, que passou 25 anos de sua vida atuando no setor da espionagem, denunciou abusos do software israelense Pegasus, criado pelo NSO Group, e de outros aplicativos espiões. As declarações vieram após revelações que o app era utilizado para espionar jornalistas, militantes de direitos humanos, opositores, ministros e chefes de Estado.

O agente da contraespionagem comparou o Pegasus e softwares espiões semelhantes a armas nucleares “pelo grau de devastação que podem causar aos seres humanos e à vida em sociedade”.

O Pegasus é um aplicativo capaz de aspirar o conteúdo de celulares à distância e permite que seus operadores tenham acesso a mensagens, fotos e e-mails secretamente, escutem chamadas e ativem microfones e câmeras. Com informações da RFI.

Carlos Bolsonaro já tentou comprar o aplicativo desenvolvido em Israel para usar contra os opositores do pai. Recentemente, o filho 02 do presidente Jair Bolsonaro se interessou por outro software espião para usar na campanha eleitoral, o DarkMatter.

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App espião, como Pegasus, era usado para tortura

Segundo Guilhem Giraud, até pouco tempo “as práticas de monitoramento dos Estados ainda eram razoáveis”. Mas com o avanço das novas tecnologias, tudo mudou. Em 2008, ele trabalhou em uma empresas que desenvolveu um sistema de monitoramento de telecomunicações chamado Eagle. Desse momento em diante, o engenheiro passou a ter questionamentos éticos.

O Eagle é um sistema que usa sondas instaladas na rede de telefonia para escanear todo o tráfego de internet. A tecnologia pode ser usada na escala de um país. O produto foi vendido à Líbia dois anos antes da contratação de Giraud na Amesys.

Anos mais tarde, a imprensa francesa denunciou que o Eagle era associado a casos de tortura e outras atrocidades na Líbia. Por sua vez, o polo de crimes contra a humanidade e crimes de guerra do Tribunal de Paris abriu uma investigação em 2012 sobre as atividades da Amesys, por suspeita de cumplicidade em atos de tortura e outros crimes bárbaros. A investigação está em curso até hoje.

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