O presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou irritado com os recuos de dois indicados de seu governo para o comando da Petrobras. Na segunda-feira (4), o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, desistiu de assumir o comando do conselho de administração da estatal por conflitos de interesse. Horas depois, foi a vez do economista Adriano Pires se abdicar de ocupar a presidência da empresa por motivos semelhantes.
De acordo com auxiliares do chefe do Executivo federal, que conversaram com a jornalista Andreia Sadi, Bolsonaro tem chamado o impasse de “lambança” nos bastidores. Ele responsabiliza o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. O Centrão também teve participação na indicação, mas credita ao ministro a escolha de Landim e Pires.
Sem saber o que fazer, o presidente foi atrás do ministro da Economia, Paulo Guedes, para consultá-lo sobre nomes para o comando da Petrobras. Uma das figuras citadas é o secretário de desburocratização da Economia, Caio Paes de Andrade. Antes de decidirem por Adriano Pires, ele era o mais cotado. O ministro Bento, porém, preferiu o economista, já que Paes de Andrade possui pouca experiência na área.
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As desistências na Petrobras que irritaram Bolsonaro
Antes mesmo de assumir a presidência da estatal, Adriano Pires comunicou ontem ao Palácio do Planalto que desistiu de ocupar o cargo. Na semana passada, ele havia sido indicado para substituir o general Joaquim da Silva e Luna.
A desistência de Pires foi motivada pelos conflitos de interesse que ele enfrentaria na estatal. O economista vinha sendo pressionado a revelar os clientes para quem presta serviço em sua consultoria. Ele trabalha para os negócios do empresário Carlos Suarez, sócio de oito distribuidoras de gás no Brasil.
Landim também recuou pelo mesmo motivo: a amizade com Suarez. Ele realizou repasses a contas do empresário na Suíça. As transações foram descobertas pelo Ministério Público local na época da Lava Jato. Para justificar a desistência, o presidente do Flamengo alegou querer se dedicar mais a fortalecer o clube. No entanto, de acordo com Malu Gaspar, do jornal O Globo, as razões nada têm a ver com futebol.