EUA têm “parcela de responsabilidade” na guerra da Ucrânia, diz Celso Amorim ao DCMTV

Atualizado em 26 de fevereiro de 2022 às 16:09
"Bolsonaro não sabe o que foi fazer na Rússia", diz Celso Amorim ao canal DCM TV
DCMTV

Ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil, o embaixador Celso Amorim falou ao canal DCM TV neste sábado, 25, sobre o conflito envolvendo Rússia e Ucrânia.

Destacou que “obviamente a grande parcela da responsabilidade é dos Estados Unidos e da expansão da Otan”, sintetizando que “isso está na raiz do problema”.

Falou sobre a bateção de cabeça do governo Bolsonaro frente ao conflito. “Quando o Trump estava no poder, era mais simples: bastava seguir o que o presidente americano determinava. Agora o governo está completamente perdido”, ironizou.

Amorim comparou o governo brasileiro a um hospício. “Loucura, um desastre absoluto”, disse sobre a recente visita de Bolsonaro ao líder russo, Vladimir Putin, lembrando que, sob o mandatário, o Brasil conduz sua diplomacia por interesses imediatos.

“O presidente, responsável pela política externa, segue o que parece lhe ser útil em termos eleitorais. Ele nem sabe o que foi fazer na Rússia”, disse ao comentar a decisão favorável do país à resolução do Conselho de Segurança da ONU contra a invasão do território ucraniano uma semana  após Bolsonaro prestar solidariedade a Vladimir Putin, em Moscou.

Leia também:

1- Polônia se nega a jogar partida de classificação para Copa contra a Rússia

2- “É guerra híbrida”: analista americano sediado na Rússia fala ao DCM sobre Ucrânia e o golpe em Dilma

3- Ucrânia recusa negociações com Rússia e Putin avança tropas, diz Kremlin

Celso Amorim defende voto do Brasil na ONU e fala sobre Itamaraty

Amorim defendeu o voto do Brasil na ONU, responsabilizando e condenando a Rússia pela agressão à Ucrânia, defendendo a soberania dos ucranianos e ainda pedindo a retirada imediata das tropas no país vizinho.

“A Carta da ONU defende a não utilização da força na resolução dos conflitos entre os povos, e ela precisa ser respeitada”, justificou, antes de reconhecer que a Rússia tem o direito de se sentir ameaçada com o avanço na Otan em solo ucraniano.

Amorim também falou sobre o Itamaraty, a infestação de militares no governo, a subordinação do país aos interesses dos EUA e sobre a responsabilidade de um novo governo frente a terra arrasada que será deixada por Bolsonaro.

“Vivemos um momento único na história: um misto de loucura, ignorância e um instinto forte de destruição”, resumiu o embaixador.

Confira a entrevista completa:

Participe de nosso grupo no WhatsApp clicando neste link.

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link.