O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou à Polícia Federal que Jair Bolsonaro não deu um golpe de Estado porque “não viu maneira de fazer”. Em depoimento, ele relatou que o ex-presidente queria permanecer no poder após a derrota para Lula nas eleições de 2022.
“Ele nunca falou nesses assuntos comigo. Um dia eu falei: ‘Tudo que temos que fazer tem que ser dentro da lei’. Ele falou: ‘Tem que ser dentro das quatro linhas da Constituição’. Como o pessoal acha que ele é muito valente, meio alterado, meio louco, achava que ele poderia dar o golpe. Ele não fez isso porque não viu maneira de fazer”, contou Valdemar à PF.
O chefe do PL abandonou Bolsonaro na investigação sobre a trama golpista. Em seu depoimento, ele afirmou que nunca concordou com os ataques ao sistema eleitoral e relatou que só tentou contestar o resultado na disputa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por pressão do ex-presidente e de seus aliados.
O ex-comandante da Aeronáutica Carlos Almeida Baptista Júnior, também em depoimento à corporação, afirmou que o golpe não se concretizou somente porque o então chefe do Exército, o general Freire Gomes, não aderiu à trama golpista.
As declarações foram divulgadas após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes retirar o sigilo sobre os interrogatórios de aliados de Bolsonaro sobre a trama golpista para mantê-lo no poder após a derrota nas últimas eleições.
O ex-presidente se manifestou sobre o caso e afirmou que “não é crime” falar sobre golpe de Estado. “Não é crime falar sobre o que está previsto na Constituição Federal. Você pode discutir e debater tudo o que está na Constituição Federal. O que falam em delação, em depoimentos, é problema de quem falou. É uma narrativa idiota”, argumentou.