Cartada no PDT leva a crer que Ciro selou a sorte na corrida presidencial

Atualizado em 4 de novembro de 2021 às 11:02
Ciro Gomes criticado
Ciro é como o PDT: faz o que quer, conforme seus próprios interesses

Ciro voltou a surpreender o mundo político na manhã desta quinta, 4.

Anunciou que está suspendendo sua pré-candidatura à presidência pelo PDT.

Motivo: 15 dos 24 deputados (3 se abstiveram) do partido votaram a favor da PEC dos Precatórios, emenda constitucional forjada para dar calote e garantir um cheque em branco para Bolsonaro tentar a reeleição em 2022.

“Não podemos compactuar com a farsa e os erros bolsonaristas”, escreveu Ciro no Twitter.

“A mim só me resta um caminho: deixar a minha pré-candidatura em suspenso até que a bancada do meu partido reavalie sua posição. Temos um instrumento definitivo nas mãos, que é a votação em segundo turno, para reverter a decisão e voltarmos ao rumo certo”.

O rompante pode custar caro ao candidato do PDT.

Leia também:

1. Ciro suspende pré-candidatura após PDT votar a favor da PEC do calote

2. Até Tabata Amaral votou contra PEC dos Precatórios

3. PDT apoia PEC do calote é dá cheque em branco para populismo pré-eleitoral de Bolsonaro

Todo mundo sabe em que condições os 15 deputados votaram com o Planalto: negociando benesses com o presidente da Câmara, Arthur Lira.

A orientação do partido não importou no momento de garantir recursos do ‘orçamento secreto’ de Bolsonaro para desovar em redutos eleitorais a 11 meses da eleição.

O PDT caiu na cilada armada pelo Centrão de Arthur Lira e Ciro Nogueira, ministro-chefe da Casa Civil: seus parlamentaram venderam suas consciências por dinheiro.

É o preço que Ciro paga por integrar um partido do tipo ‘biruta de aeroporto’, que vai para o lado que o vento sopra. É um filme velho, aliás.

Vejamos o caso de Tabata do Amaral: anunciada por Ciro como jovem de esquerda, traiu a orientação do PDT logo na primeira votação importante, a da reforma da Previdência, que retirou direitos de trabalhadores, mas favoreceu seus padrinhos.

Tabata saiu do PDT e ingressou no PSB, partido do namorado João Campos, prefeito de Recife. A Ciro restou reclamar com o bispo.

Cartada tem tudo para ser a pá de cal no sonho presidencial de Ciro

É o que pode acontecer novamente agora: estariam os 15 deputados do PDT dispostos a seguir a liderança de Ciro e mudar de posição na votação em 2º turno da PEC? E os 3 que se abstiveram para não dar na cara a imoralidade?

Não é de hoje que o PDT é visto como um balaio de gatos, onde cada um faz o que quer, em conformidade com seus interesses.

O próprio pré-candidato é assim: Ciro ora está na esquerda, ora na direita, conforme o ambiente e a necessidade que o momento exige.

A cartada tem tudo para resultar na pá de cal de uma pré-candidatura que não decola por um motivo simples: não tem norte, não tem princípios.

O PDT é um time sem técnico. E sem capitão. Por isso é tão irrelevante.