Deputados de extrema direita alemães defendem posições de Putin na guerra na Ucrânia

Atualizado em 6 de março de 2022 às 10:56
Alice Weidel
A deputada da AfD Alice Weidel. Foto: Olaf Kosinsky/Wikimedia Commons

A AfD, Alternative für Deutschland (Alternativa para a Alemanha), partido de extrema direita, condena a guerra mas defende diversas posições de Putin, como a exigência de desmilitarizar a Ucrânia.

“Uma desescalada permanente da crise só pode ser obtida pela neutralidade da Ucrânia. Isso exclui a adesão tanto à OTAN quanto à União Europeia no futuro”, disse Alice Weidel, presidente do grupo parlamentar da AfD, em vídeo que viralizou no Twitter.

Ela discursava no Bundestag. Seu partido provocou irritação ao responsabilizar o Ocidente pela invasão russa à Ucrânia. Em sessão extraordinária do ultimo dia 27, Weidel afirmou que os países ocidentais se apegaram à perspectiva de adesão da Ucrânia à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e negaram à Rússia seu “status” de potência. “Este é o fracasso histórico do Ocidente: o insulto da Rússia”, discursou na tribuna.

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Todos com Putin 

Se dentro da AfD há quem seja favorável a sanções, Petr Bystron, porta-voz para assuntos exteriores, se posicionou contra esse tipo de medida. “As sanções não mudarão a posição da Rússia sobre a expansão da OTAN para as fronteiras da Rússia e não terão impacto no curso da guerra na Ucrânia”, declarou.

Líder do grupo parlamentar da AfD, Alice Weidel criticou a entrega de armas de seu país à Ucrânia. “A Alemanha deve iniciar processos diplomáticos. Não devemos intervir em operações de combate fornecendo armas”. Ela foi investigada nos últimos anos por suspeita de doação ilegal do exterior à sua campanha eleitoral, num valor de 130.000 euros através de uma pequena empresa suíça. A investigação foi arquivada.

AfD defende artistas russos

Dois artistas russos foram particularmente defendidos por Tino Chrupalla, um dos líderes da AfD no parlamento. Trata-se do maestro russo próximo de Putin Valery Gergiev, silencioso sobre a invasão, e da cantora de ópera Anna Netrebko, que decidiu anular concertos e disse que “não é justo forçar artistas ou personalidades públicas a expressar sua opinião política ou condenar seu país de origem”. Uma apresentação prevista em Hamburgo foi alvo de um boicote.

“Primeiro Valery Gergiev, agora Anna Netrebko. A cultura do cancelamento contra artistas russos alimenta a desconfiança e o ódio. Os russos não devem ser responsabilizados coletivamente pela guerra na Ucrânia. No lugar de politizar a arte e a cultura, é preciso compreensão entre os povos”, disse Chrupalla nas redes sociais.

“Não devemos cometer o erro de atribuir toda a responsabilidade pelo que esta acontecendo à Rússia”, afirmou Petr Bystron, porta-voz para assuntos exteriores do partido.

“O ataque da Rússia à Ucrânia – com todo o respeito pelos interesses de segurança russos – não é justificado por nada”, disse o deputado Dirk Nockemann, da AfD.

“O ocidente negligenciou os interesses de segurança da Rússia”, afirmou Alexander Gauland, fundador do partido após a invasão. Em 2017, ele escandalizou o país ao louvar o desempenho do exército alemão na Segunda Guerra Mundial e dizer que “se os franceses têm o direito de ser orgulhosos de seu imperador e os britânicos do almirante Nelson e de Churchill, então temos direito de ter orgulho do desempenho dos soldados alemães durante a Segunda Guerra Mundial”.

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