Eleitorado de São Paulo rejeita terceira via, mostra nova pesquisa. Por Miguel do Rosário

Atualizado em 2 de abril de 2022 às 15:19
Eleitores paulistas não querem uma terceira via
Eleitores paulistas não querem uma terceira via

O instituto Paraná Pesquisa tem um problema de imagem ainda não resolvido, mas é preciso dar sempre uma segunda chance a todos. A empresa conseguiu um cliente fiel, uma corretora curitibana chamada GGC Liquidez, que vem patrocinando generosamente pesquisas presenciais, tanto no país como nos estados.

A última pesquisa do instituto foi em São Paulo, com 1.820 entrevistas “face a face”, ou seja, presenciais, realizadas entre os dias 27 e 31 de março. Segundo nota fiscal registrada no TSE, a pesquisa custou R$ 120.000,00.

Aparentemente, portanto, é uma pesquisa boa. O seu relatório completo pode ser baixado aqui.

Antes de continuar, vale sempre lembrar a importância do estado de São Paulo, maior colégio eleitoral do país. Editamos algumas tabelas e gráficos, com base em números atualizados do TSE, para ilustrar o peso do estado nas eleições nacionais.

O Tribunal Superior Eleitoral registrava, até fevereiro deste ano, um total de 147,6 milhões de eleitores. O estado de São Paulo, por sua vez, na mesma data, tinha 32,1 milhões de eleitores, ou 22% dos eleitores de todo país.

Uma votação boa ou ruim em São Paulo, portanto, afeta fortemente o desempenho nacional do candidato.

Comecemos nossa análise pela espontânea.

Segundo a pesquisa, Lula e Bolsonaro estão empatados com 21,3% e 20,6%, respectivamente. Os candidatos da terceira via seguem muito distantes: Moro pontua 2,6% e Ciro, apenas 1,3%. Doria tem ridículos 0,4%.

O número de indecisos é de 40%, percentual normal, e até mesmo baixo, faltando tantos meses para as eleições, o que seria mais um sinal de que o grau de decisão do eleitor já está bastante consolidado.

Na estimulada, Lula lidera com 34,1%, 3 pontos acima (a margem de erro é de 2,3 pontos) de Bolsonaro, que tem 31%.

Moro pontua 9,7% e Ciro Gomes, 4,2%.

Na tabela com dados estratificados, destaca-se os seguintes pontos:

  • Lula tem 37% entre mulheres, 11 pontos acima dos 26% de Bolsonaro.
  • Bolsonaro lidera entre homens, com 37%, 6 pontos acima dos 31% de Lula
  • Lula tem mais força entre eleitores jovens, com 16 a 24 anos, entre os quais pontua quase 37%, contra 28% de Bolsonaro, 7% de Moro e 6% de Ciro.
  • A terceira via é fraca particularmente entre eleitores menos instruídos, que tem até o ensino fundamental: enquanto Lula tem 39% neste segmento, e Bolsonaro 27%, Ciro Gomes pontua apenas 2%.
  • Ao mesmo tempo, Lula também é forte junto aos eleitores com ensino superior, entre os quais tem 30,3%, apenas um pouco abaixo de Bolsonaro, que tem 33,3%.
  • Moro tem 12% entre eleitores com ensino superior, e Ciro apenas 5%.

Outros números emblemáticos das dificuldades da terceira via em São Paulo referem-se à rejeição. Eles provam um ponto: a terceira via cometeu um erro estratégico. Ao invés de colocar como uma alternativa aos eleitores de Lula e Bolsonaro, ela se tornou alvo de irritação e antipatia de ambos os lados da polarização. Embora seus índices de voto sejam irrisórios, a sua rejeição é monstruosa.

Sergio Moro, por exemplo, é rejeitado por 60,1% do eleitorado paulista, Ciro Gomes, por 55%, e Doria, por 71%!

Bolsonaro é rejeitado por 57%.

Lula tem a menor rejeição de todos, de 48,6%.

No caso de Ciro Gomes, um outro problema do candidato é o baixo índice de certeza de seus eleitores: segundo a pesquisa, apenas 2% dos eleitores responderam que votariam “com certeza” em Ciro Gomes. Moro tem o triplo disso, 6%.

No topo da tabela, estão Lula e Bolsonaro: 26,6% dos entrevistados responderam que votarão em Lula “com certeza”, percentual ligeiramente superior aos 25% de Bolsonaro.

Há um outro diferencial relevante no eleitorado paulista: ele é bem mais instruído que a média nacional.

Enquanto a média nacional de eleitores analfabetos é de 3,8%, esse índice é de apenas 1,88% em São Paulo.

Para facilitar a visualização dessa diferença, criamos uma divisão arbitrária entre eleitores “mais instruídos” e “menos instruídos”.

Como instruídos, consideramos eleitores com ensino médio para cima. Ou seja, desde aqueles com apenas o ensino médio completo, até aqueles com ensino superior incompleto ou completo.

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Como “menos instruídos”, por sua vez, consideramos eleitores com ensino médio incompleto para baixo, o que inclui analfabetos e eleitores apenas com ensino fundamental.

O Brasil tem 64 milhões de eleitores “mais instruídos”. Destes, 27% são eleitores paulistas. Para efeito de comparação, Minas Gerais e Rio de Janeiro correspondem, respectivamente, a somente 9% e 7% dos eleitores brasileiros “mais instruídos”.

Isso significa, do ponto-de-vista sociológico, que o eleitorado paulista, além de mais numeroso, é também mais influente.

Publicado originalmente no site O Cafezinho

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