Ainda em defesa de Dilma. Por Moisés Mendes

Atualizado em 4 de janeiro de 2022 às 16:41
Dilma Rouseff
Dilma Rouseff – Foto: Reprodução

Escrevi uma nota singela esses dias no Facebook em defesa de Dilma Rousseff, atacada por gente do próprio PT. Recebi dois alertas, daqueles inbox, mais ou menos nessa linha: não te mete nisso porque é briga para gente das internas do partido.

Devem estar certos. Não sou das internas de partido nenhum e talvez não tenha mesmo que tentar aprofundar uma abordagem para a qual não tenho preparo e/ou prerrogativas.

Mas espero que possa defender a ex-presidenta, mesmo não sendo militante orgânico de coisa alguma. Se acharem que não posso, mesmo assim vou manter o que escrevi. Como sou gente das externas, devo poder dar uma opinião.

E o que eu acho é que atacar Dilma é servir de munição barata da extrema direita. E quem quiser passar pano, que passe e admita que passou.

Defender Dilma do ataque dos héteros da esquerda (quase equivalentes aos héteros da extrema direita) é obrigação de qualquer brasileiro que não seja omisso diante de uma grosseria política com a mulher derrubada pelo Brasil arcaico.

Não precisa ser do PT ou das esquerdas para defender Dilma. Nem deve ser, de jeito nenhum, uma tarefa só das mulheres, invariavelmente mais bravas do que os homens.

É interessante que algumas pessoas estejam preocupadas com quem repercute esse debate (que está jornais, nos sites e blogs há muitos dias), e não com quem ataca Dilma. Eu mesmo tive de me defender porque abordei o assunto.

Por que me questionam e não atacam Washington Quaquá, que desqualificou a importância ‘eleitoral’ de Dilma, falando em nome da sua turma, como se isso fosse assim tão relevante hoje?

Por que cancelar Dilma e pôr em dúvida sua força política, num momento em que o PT se reafirma como partido e quando as pesquisas dizem que Lula ganharia a eleição por 7 a 1?

No que Dilma pode atrapalhar Lula? Política é só potência eleitoral? Para muita gente do PT, há muito tempo é assim mesmo. Eleição, eleição e eleição.

Para encerrar, aviso o seguinte: quem quiser me mandar mensagens e tiver mais sugestões semelhantes a fazer, com advertências, desculpas, medos e outros temores com as facções antiDilma, que procure outras turmas.

Sejam silenciosos, omissos e covardes publicamente. E vão quaquarejar em outras freguesias.

Leia também:

1; Ação penal contra ex-esposa de Wassef é suspensa pelo STJ

2; Ministro escalado por Bolsonaro para ajudar a Bahia ficará quase um mês de férias

2; STF dá recado a governo Bolsonaro sobre vacinação infantil: “Valorizar a ciência”

___________________________________________________________________

Abaixo, a íntegra da nota emitida pela Secretaria Nacional de Mulheres do PT e pelas 27 Secretarias Estaduais de Mulheres do PT

A Secretaria Nacional de Mulheres do PT reforça o papel e a relevância da presidenta Dilma Rousseff dentro e fora do partido. O Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras se orgulha de ter eleito a primeira presidenta na história do país que foi vítima de um golpe misógino, machista e anti-democrático. Assim como tantas mulheres na história do PT, figura pública ou não, Dilma cumpriu uma tarefa árdua na defesa dos direitos da classe trabalhadora, na denúncia da ascensão do fascismo, em uma conjuntura de duros ataques contra a sua honra, a sua pessoa e ao próprio partido. Dilma foi brutalmente atacada em todas as esferas, pública e privada, como nenhum outro homem público do cenário político brasileiro, em qualquer espectro ideológico.

Cabe aqui também fazer um debate sobre a régua em que se mede a relevância de um quadro político, que não é apenas o resultado eleitoral. Se assim o fosse, a “irrelevância eleitoral” de Dilma, que foi eleita duas vezes presidenta, obteve 15% dos votos ao senado em Minas Gerais, seria a mesma que outros quadros petistas homens, historicamente importantes, que obtiveram a mesma faixa de votação que ela, ou até menos, no mesmo ano, em seus respectivos estados – e sobre cujas cabeças não pesou o fardo de ‘irrelevantes’.

A trajetória da presidenta Dilma é uma referência histórica para as mulheres progressistas em todo país, portanto possui, além de muito valor eleitoral e quantitativo, um valor intangível. Quantas mulheres, inspiradas pela força de Dilma em seguir na luta por democracia, mesmo diante da ascensão da direita e sob tantos ataques, decidiram e optaram por sair candidatas? Qual o papel, no fato dela ter sido primeira mulher presidenta e vítima dos ataques misóginos e machistas da extrema direita, escancarando o caráter do golpe, na mobilização de milhões de mulheres nos protestos do EleNão?

Outro aspecto a se considerar é que “relevância eleitoral” também é um artifício comumente utilizado para obstaculizar a participação de mulheres na política – um espaço ainda masculino, branco e cisheteronormativo. Por isso, nós, mulheres do PT, batalhamos diuturnamente contra a violência política de gênero para garantir que elas ocupem espaços de poder – dentro e fora do partido. Perpetuar os ataques que Dilma sofre desde 2015 na sociedade e trazer para dentro do partido não contribui com a luta das mulheres.

Importante que os debates sobre viabilidade eleitoral sejam feitos coletivamente, nos espaços democráticos garantidos pelo estatuto, e não de forma arbitrária, silenciando e invisibilizando a trajetória de nenhuma mulher, tampouco da envergadura de Dilma, para justificar se ela foi ou não foi para um evento. Relevância eleitoral não é um dom, um presente ou apenas ponto na pesquisa, ela é fruto de luta, trabalho, trajetória, organização partidária e social. Não se pode dizer que a presidenta Dilma não possui nenhum desses atributos

Por fim, a Secretaria Nacional de Mulheres do PT e as secretarias estaduais do PT em todo país entendem que todas as mulheres dispostas a enfrentar o governo Bolsonaro e lutar por justiça social possuem relevância eleitoral e, por meio do projeto Elas Por Elas, trabalharemos arduamente por mais mulheres na política com Lula presidente em 2022.

Secretaria Nacional de Mulheres do PT

Secretaria Estadual de Mulheres do Acre AC

Secretaria Estadual de Mulheres do Alagoas AL

Secretaria Estadual de Mulheres do Amapá AP

Secretaria Estadual de Mulheres do Amazonas AM

Secretaria Estadual de Mulheres da Bahia BA

Secretaria Estadual de Mulheres do Ceará CE

Secretaria Estadual de Mulheres do Distrito Federal DF

Secretaria Estadual de Mulheres do Espírito Santo ES

Secretaria Estadual de Mulheres de Goiás GO

Secretaria Estadual de Mulheres do Maranhão MA

Secretaria Estadual de Mulheres do Mato Grosso MT

Secretaria Estadual de Mulheres do Mato Grosso do Sul MS

Secretaria Estadual de Mulheres de Minas Gerais MG

Secretaria Estadual de Mulheres do Pará PA

Secretaria Estadual de Mulheres da Paraíba PB

Secretaria Estadual de Mulheres do Paraná PR

Secretaria Estadual de Mulheres de Pernambuco PE

Secretaria Estadual de Mulheres do Piauí PI

Secretaria Estadual de Mulheres do Rio de Janeiro RJ

Secretaria Estadual de Mulheres do Rio Grande do Norte RN

Secretaria Estadual de Mulheres do Rio Grande do Sul RS

Secretaria Estadual de Mulheres de Rondônia RO

Secretaria Estadual de Mulheres de Roraima RR

Secretaria Estadual de Mulheres de Santa Catarina SC

Secretaria Estadual de Mulheres de São Paulo SP

Secretaria Estadual de Mulheres de Sergipe SE

Secretaria Estadual de Mulheres de Tocantins TO

(Texto originalmente publicado no BLOG DO MOISÉS MENDES)

Participe de nosso grupo no WhatsApp clicando neste link.

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link.