Escritor Laurentino Gomes é alvo de ameaças após sugerir que Portugal reconheça passado escravista

Atualizado em 16 de agosto de 2021 às 12:32
O Infante Dom Henrique, o Navegador, no Mercado de Escravo de Lagos, Algarve, local do primeiro leilão de africanos em Portugal

Em publicação no Twitter, o jornalista e escritor Laurentino Gomes denuncia que foi atacado nas redes sociais.

As ameaças vieram após ele sugerir à revista Visão, uma das mais populares de Portugal, que o país reconheça seu passado escravista.

Leia o desabafo do escritor:

Surpreendeu-me a reação de alguns portugueses à minha sugestão à Visão de que Portugal deveria reconhecer o seu papel na escravatura e pedir perdão às vítimas dessa imensa tragédia humanitária.

Fui alvo de comentários agressivos, incluindo injúrias e ameaças nas redes sociais.

Em princípio, o perdão não deveria assustar tanta gente. Perdão nunca foi sinônimo de humilhação. Perdão não faz mal a ninguém. É somente o primeiro passo para a reconciliação. Perdão só é um incômodo a quem se recusa a pedi-lo ou a aceitá-lo.

Um pedido de perdão em nada diminuiria a grandeza de Portugal. Ao contrário, só o faria um país ainda mais admirado neste inicio de século XXI.

A dificuldade em sequer admitir a hipótese indica que a escravatura é uma ferida ainda aberta. Que só se cura com… um pedido de perdão!

Na foto do post, o Infante Dom Henrique, o Navegador, no Mercado de Escravo de Lagos, Algarve, local do primeiro leilão de africanos em Portugal, em 8 de agosto de 1444, meio século antes da chegada dos portugueses ao Brasil, que seria o maior território escravista das Américas.

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