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Após associar à AIDS, Bolsonaro destaca vacina contra a Covid na cúpula do G20

 

O PRESIDENTE JAIR BOLSONARO
O PRESIDENTE JAIR BOLSONARO. FOTO: EVARISTO SÁ/AFP

Único líder no G20 não imunizado contra o coronavírus, Bolsonaro discursou neste sábado destacando o programa de vacinação brasileiro que ele tentou boicotar e que está sendo alvo de investigação por causa da compra superfaturada dos imunizantes.

O mandatário também falou no auxílio emergencial oferecido durante a pandemia.

Bolsonaro ainda pediu que os esforços do G20 se concentrem no combate à pandemia e na distribuilção de vacinas, medicamentos e tratamentos nos países em desenvolvimento.

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“O Brasil se comprometeu com um programa extensivo e eficiente de vacinação, em paralelo a uma agenda de auxílio emergencial e preservação do emprego para a proteção dos mais vulneráveis”, discursou o mandatário. “Estamos igualmente comprometidos com uma agenda de reformas estruturantes, essenciais para uma retomada econômica sustentada.

Numa live derrubada pelas plataformas na semana passada, Bolsonaro associou a vacinação contra a covid à AIDS, numa clara informação falsa.

No G20, ele disse que a população do Brasil optou pela imunização de forma espontânea.

“Mais de 94% da população adulta já recebeu pelo menos uma dose da vacina”, disse.

“Ao todo, aplicamos mais de 260 milhões de doses, das quais mais de 140 milhões foram produzidas em território nacional”.

Bolsonaro diz que não é fácil ser chefe de Estado

Pouco antes do seu discurso. Bolsonaro voltou a mentir para o mundo ver.

Na antessala no local onde o G20 se reúne, o presidente brasileiro e Recep Tayyip Erdogan, mandatário da Turquia, trocaram algumas palavras.

Ao se aproximar do turco, chamou um tradutor: “Me ajuda aí”.

Ao lado de Paulo Guedes e Carlos França, ele disse que tem apoio popular e que a economia no país está crescendo.

“Tudo bem. A economia voltando bem forte. A mídia como sempre atacando, estamos resistindo bem. Não é fácil ser chefe de Estado em qualquer lugar do mundo”, mentiu.

Leia a íntegra do discurso de Bolsonaro no G20

“Senhoras e senhores líderes do G20,

É uma grande satisfação para mim participar, presencialmente, deste importante encontro de lideranças em um momento de recuperação econômica mundial. Apesar de termos motivos para comemorar, ainda restam desafios para alcançarmos crescimento econômico mais estável e equitativo.

O Brasil se comprometeu com um programa extensivo e eficiente de vacinação, em paralelo a uma agenda de auxílio emergencial e preservação do emprego para a proteção dos mais vulneráveis. Estamos igualmente comprometidos com uma agenda de reformas estruturantes, essenciais para uma retomada econômica sustentada. Já conseguimos atrair um volume superior a US$ 110 bilhões em investimentos nos setores de infraestrutura e temos a expectativa de alcançar valores ainda superiores até 2022.

O histórico acordo concluído pelo G20 e por outros países sobre tributação internacional, no âmbito da OCDE, é também uma contribuição significativa para a sustentabilidade fiscal e econômica.

Os trabalhos do G20 na trilha de finanças renderam resultados importantes para a recuperação da crise econômica, como ilustram a nova alocação de Direitos Especiais de Saque pelo FMI e as medidas para enfrentar desafios relacionados ao meio ambiente e à saúde.

Gradualmente, nossas economias recuperam-se à medida em que a crise sanitária é superada. Esses dois processos de recuperação caminham lado a lado. Ambos têm mostrado a relevância de promovermos um comércio internacional livre de medidas distorcidas e discriminatórias. Eis por que a integração de nossas economias, por meio de fluxos cada vez maiores de comércio e investimentos, constitui parte das soluções que buscamos com vistas à recuperação e ao desenvolvimento sustentável.

No Brasil, mais da metade da população nacional já está plenamente imunizada de forma voluntária. Mais de 94% da população adulta já recebeu pelo menos uma dose da vacina. Ao todo, aplicamos mais de 260 milhões de doses, das quais mais de 140 milhões foram produzidas em território nacional.

Para o Brasil, os esforços do G20 deveriam concentrar-se no combate à atual pandemia, que continua a assolar muitos países.

Entendemos, portanto, caber ao G20 esforços adicionais pela produção de vacinas, medicamentos e tratamentos nos países em desenvolvimento”.