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Ex-médico do IML vira réu por omitir tortura em vítima da ditadura

Zanirato teve a causa de sua morte omitida por ex-médico do IML
Militante político Carlos Roberto Zanirato foi morto pela ditadura em 1969, aos 19 anos. Foto: Divulgação/CNV

A Justiça de São Paulo aceitou a denúncia do MPF (Ministério Público Federal) e tornou réu ex-médico legista. José Manella Netto é acusado de falsidade ideológica e ocultação de cadáver por omitir tortura em vítima da ditadura. Em 1969, ele elaborou no IML um laudo necroscópico do corpo de Carlos Roberto Zanirato, militante torturado e morto naquele ano. Segundo o MPF, o documento omitiu as verdadeiras causas da morte para encobrir responsabilidade dos militares.

O relatório foi assinado junto do médico Orlando Brandão, que já morreu. Ele confirmava a versão de que Zanirato teria se matado ao pular na frente de um ônibus. A denúncia do MPF, entretanto, diz que o documento ocultava lesões que não poderiam ter sido causadas pelo impacto, mas por agressões sofridas anteriormente.

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MPF diz que ex-médico do IML ocultou identidade da vítima

Segundo o órgão, os médicos do IML ocultaram também a identidade do militante. Ele foi registrado como “desconhecido”. O fato levou Zanirato a ser enterrado sem a presença de familiares e amigos. Em setembro, o TRF-3 determinou o pagamento de indenização por danos morais à mãe dele, no valor de R$ 200 mil.

Zanirato era soldado em 1969 e abandonou o Exército para integrar a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Segundo o MPF, ele foi o primeiro militante sob custódia do DOPS de São Paulo. Foi preso em 23 de junho e sofreu torturas nos seis dias seguintes até ser empurrado contra um ônibus.

 

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