Indicados do Centrão no FNDE compraram carros 30 vezes mais caros que seus salários

Diretores do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) compararam carros que custam até 30 vezes o valor de seus salários, de acordo com informações do Estadão. O órgão está envolvido nas denúncias sobre o suposto superfaturamento na compra de ônibus escolares e sobre o caso de pastores que cobravam propina de prefeitos para intermediar liberação de verbas para municípios.
Os diretores Garigham Amarante e Gabriel Vilar, indicados do Centrão para as diretorias, compraram veículos esportivos SUVs de luxo depois que assumiram os cargos no órgão. Eles têm salários de pouco mais de R$ 10 mil. Amarante adquiriu uma Mercedes-Benz GLB 200 Progressive, avaliada em R$ 330 mil. Vilar comprou um Volkswagen Tiguan Allspace R-Line, que custa R$ 250 mil.
Amarante foi indicado para o FNDE pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, um dos principais líderes do Centrão. O PL é o partido do presidente Jair Bolsonaro. Garigham Amarante é justamente o responsável por ter organizado o pregão eletrônico que tinha indicação de sobrepreço de R$ 700 milhões. O Tribunal de Contas da União (TCU) embargou a licitação.
Amarante comprou sua Mercedes por meio de um financiamento, cujas prestações são equivalentes ao salário dele, de acordo com a estimativa de um simulador online da fabricante. Ou seja, ele recebe R$ 10.302,16 líquidos pelo trabalho no órgão e paga R$ 10.299,35 por mês no financiamento, de acordo com o Estadão. Além disso, o IPVA do carro é de R$ 9.748 por ano.
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Amarante foi chefe de gabinete da liderança do PL na Câmara
O diretor responsável pelo pregão com indício de superfaturamento e que compromete 99% da sua renda mensal no financiamento de um carro, Garigham Amarante, foi chefe de gabinete da Liderança do PL, partido de Bolsonaro, na Câmara. Já Gabriel Vilar trabalhava no Ministério da Educação e é próximo do Republicanos, outro partido do Centrão.
Os carros luxuosos dos dois chamaram a atenção de outros servidores do FNDE. Eles foram comprados em Brasília pouco tempo depois do primeiro pregão eletrônico de ônibus escolares do órgão, em meados de 2021.