Israel abre investigação sobre escândalo envolvendo programa espião Pegasus

Foto: Getty Images
Nesta segunda-feira (7), o governo de Israel anunciou que está criando uma comissão estatal de inquérito. O motivo é o uso ilícito pela polícia de um poderoso esquema de espionagem contra aliados do ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e uma série de outras figuras públicas.
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O Pegasus, ferramenta de hackeamento de celular feita pelo NSO Group, empresa de tecnologia israelense, foi usado para “phishing (fraude) de inteligência antes mesmo de qualquer investigação ter sido aberta contra os alvos, e sem mandados judiciais”, diz um relatório do jornal Calcalist.
Esses alvos incluíam um filho e dois assessores de Netanyahu – que está sendo julgado por acusações de corrupção -, bem como um co-réu e várias testemunhas e, separadamente, dois ex-funcionários suspeitos de vazamentos para jornalistas, ainda segundo o Calcalist.
Advogados de Netanyahu – que nega irregularidades – pediram que os processos contra ele sejam suspensos. Mas um porta-voz do tribunal disse que não sabia se tal pedido havia sido apresentado aos juízes, que seguiram conduzindo o julgamento nesta segunda, conforme programado.
O primeiro-ministro Naftali Bennett, que destituiu Netanyahu em junho, considerou as descobertas do Calcalist “muito sérias, se verdadeiras”.
“Esta ferramenta (Pegasus) e outras semelhantes são importantes na luta contra o terrorismo e crimes graves, mas não se destinam a ser usadas em campanhas de phishing direcionadas ao público ou funcionários israelenses, e é por isso que precisamos entender exatamente o que aconteceu”, disse ele em um comunicado por escrito.
A polícia vem conduzindo investigações internas e respondendo a perguntas perante painéis parlamentares de supervisão, desde que o Calcalist no mês passado informou que seus investigadores usaram o Pegasus contra cidadãos israelenses – às vezes sem mandados.
Spyware de Israel foi usado para hackear celulares de 11 diplomatas dos EUA
Cerca de 11 diplomatas dos EUA tiveram seus iPhones hackeados. Os funcionários do Departamento de Estado trabalhavam em Uganda ou em conjunto com a equipe de Uganda. O spyware usado para a invasão é o infame Pegasus, criação da empresa israelense NSO Group.
Não se faz ideia de quem possa ser o responsável pelo ataque. A NSO afirma que só vende seus programas para organizações governamentais e com a aprovação do governo de Israel. Em tese, não haveria como seu programa ter ido, com sua autorização, parar na mão de hackers atuando contra os EUA.
A empresa também diz que seu spyware não pode ter como alvos números dos Estados Unidos. Neste caso, não faz diferença: os funcionários trabalhavam com números de Uganda.