Juiz é membro de grupo de Whatsapp em que empresários pregam golpe contra Lula
Entre o grupo de empresários que defende um golpe de Estado caso Lula vença as eleições, um nome chamou atenção: Marlos Melek.
Ele é juiz federal do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 9ª Região, em Curitiba. Enquanto membros do espaço no WhatsApp defendiam uma ruptura institucional e atacavam instituições que se opõem ao presidente Jair Bolsonaro, ele falava sobre uma reportagem que teria sido “ideológica”, sem mencionar sobre qual texto falava.
“E a reportagem ainda foi ideológica, pra variar”, disse o juiz. Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca de surfwear Mormaii, concordou com ele.
Autor de livros e palestrante, Melek é um dos pais da reforma trabalhista de Temer. Fez parte da equipe de cinco pessoas que redigiu a legislação, a comissão de redação.
Ex-dono de uma empresa de cosméticos, escreveu um livro chamado “Trabalhista! E Agora?”, em que fala do universo das leis trabalhistas do país. Fez sucesso e, em 2016, chamou a atenção da Casa Civil, que já articulava a reforma. “Eles queriam sugestões e eu tinha várias”, afirmou.
Em 2017, defendeu a reforma no Senado, dizendo que ela podia “atrair investimentos e gerar empregos, por dar segurança jurídica aos empregadores”.
Considerou “discursos ideológicos” as críticas à supressão de direitos dos trabalhadores. Citou como exemplo a jornada de 12 por 36, em que o empregado trabalha 12 horas e folga 36. Para ele, é apenas a legalização de uma situação largamente praticada, inclusive por médicos e enfermeiros.
De acordo com o jornal bolsonarista Gazeta do Povo, num perfil hagiográfico, ele é tenista (fã do negacionista Djokovich), baterista (fã do U2) e aviador. “E é pilotando o pequeno RV-9, um ultraleve de pouco menos de meia tonelada, que pai e filho mais se conectam”, diz a matéria.
Seu perfil no Instagram é lotado de fotos de suas apresentações em conferências e nas quadras.
Os diálogos ocorreram no grupo “Empresários & Política” no WhatsApp, revelados pelo Metrópoles. Além de Melek e Morongo, o espaço tem como membros Luciano Hang, dono da Havan; Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu; José Isaac Peres, dono da gigante de shoppings Multiplan; José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro, e Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia.
Randolfe Rodrigues acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) contra os empresários. O senador quer que a Corte peça uma avaliação do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF) sobre a possibilidade de quebra de sigilo, congelamento de contas e prisão preventiva.