“Mesmo eu sendo contra o aborto, ele existe”, diz Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não entendeu o motivo de tanta polêmica sobre sua afirmação em relação à legalização do aborto. Em entrevista ao Jornal Jangadeiro, da Band News FM, do Ceará, nesta quinta-feira (07), ele disse ser pessoalmente contrário ao aborto, mas enfatizou que não se trata de uma questão de vontade pessoal e sim de saúde pública. Lula tinha sido alvo de críticas de bolsonaristas e fundamentalistas religiosos por ter defendido a legalização no Brasil.
“Eu tenho cinco filhos, oito netos e uma bisneta. Eu sou contra o aborto. O que eu disse é o seguinte: é preciso transformar isso em uma questão (de saúde) pública. As pessoas pobres, que são vítima do aborto, têm que ter condição de se tratar na rede pública de saúde. É só isso. Mesmo eu sendo contra o aborto, ele existe”, afirmou Lula.
O ex-presidente continuou enfatizando que abortos já acontecem, mesmo com a lei proibindo, e que muita vezes mulheres pobres morrem ou têm complicações de saúde por se submeterem a abortos clandestinos, em condições precárias. “Ele (o aborto) existe, por mais que a lei proíba, por mais que a religião não goste”, rebateu o petista aos fundamentalistas que, de maneira oportunista, o criticaram.
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O ex-presidente lembrou a diferença de como o assunto polêmico é tratado entre as classes mais baixas e mais altas e afirmou que o Estado “tem que dar atenção a essas pessoas pobres. Não pode abandonar”.
“Uma pessoa que tem um poder aquisitivo bom procura uma clínica boa. E, quem sabe, viaja até para o exterior”, afirmou Lula, para exemplificar que, mesmo com a lei proibindo, abortos acontecem. A diferença é que mulheres pobres sofrem em clínicas clandestinas e procedimentos precários.